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Sindicato do BCE também quer aumentos salariais ao ritmo da inflação

União sindical de funcionários do Banco Central Europeu exigiu subida de ordenados em linha com a escalada da inflação na Zona Euro. Controlo dos preços é o principal mandato da própria autoridade bancária, que continua a não intervir por considerar o atual aumento de preços temporário

Um sindicato de trabalhadores do Banco Central Europeu (BCE) quer que a autoridade bancária aumente os salários em linha com a escalada da inflação na Zona Euro, numa altura em que a própria instituição continua a adiar tomar medidas para conter esse aumento. 

Em janeiro deste ano, o banco central avançou com um aumento de 1,6% nos salários dos trabalhadores. Um número que fica aquém dos 4,6% de inflação registados em outubro na Alemanha, país onde se localiza a sua sede. A diferença entre estes valores significa que os trabalhadores do banco estão a perder poder de compra.

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O sindicato IPSO enviou uma carta a todos os funcionários da entidade europeia a alertar para este facto, de acordo com órgãos internacionais. 

Este pedido viralizou nas redes sociais, uma vez que cabe ao próprio BCE controlar a estabilidade de preços e evitar potenciais variações agressivas.

A instituição tem como meta os 2% de inflação e, no ano passado, alterou os próprios estatutos - pela primeira vez em 18 anos - fazendo com que, a partir de então, se considere tão negativa uma subida acima desse valor, como uma queda abaixo. Mas historicamente, a Zona Euro tem tido dificuldades em fazer com que a inflação alcance o patamar desejado.  

A líder da autoridade, Christine Lagarde, tem defendido que este aumento de preços é de caráter temporário e, por isso, continua a optar por não fazer qualquer alteração à sua política monetária em vigor. Aliada a esta ideia, a líder francesa defende que as atuais pressões inflacionárias ainda não se estão a fazer sentir nos salários dos trabalhadores.

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Em dezembro, o BCE terá uma nova prova de fogo, quando se voltar a reunir. Neste encontro, à habitual decisão de política monetária juntam-se as novas previsões macroeconómicas para a Zona Euro.

No início da pandemia, em março de 2020, Lagarde anunciou um mega programa de compra de dívida - entretanto reforçado para os 1,85 biliões de euros - que ajudou a manter os juros da dívida soberana dos países da região em níveis baixos. Hoje, os juros da dívida portuguesa a dez anos estão a negociar nos 0,438%, longe do patamar de 1% que superou pouco antes do lançamento do programa.

Esta injeção de dinheiro na economia, via compra de dívida, tende a beneficiar o crescimento da inflação. E, agora, o BCE está preso num limbo: pode ser demasiado cedo para anunciar cortes destes programas, mas um prolongar da sua validade pode manter a inflação a um ritmo indesejavelmente alto.

Este envelope, conhecido como PEPP ("Pandemic emergency purchase programme") termina já em março do próximo ano e existem rumores de que o BCE possa estar a preparar a sua sucessão. Assim, a reunião de dezembro assume particular importância com os investidores a estarem atentos ao discurso de Lagarde. 

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