O concelho tem três acampamentos onde vivem membros da comunidade cigana sem condições habitacionais. A Câmara de Peniche criou o projeto "Kher Nevo", que na língua romani significa "casa nova" para erradicar as barracas
A viver há mais de 30 anos num dos três acampamentos existentes no concelho, Sónia Cesteiro, 44 anos, aceita dar a cara pela “miséria” em que a família habita, com ratos e “sem condições” em casa.
“Se tivesse melhores condições, mudaria do acampamento”, refere à agência Lusa, questionando logo de seguida: “Quanto não vale ter uma casa?!”
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Ruben Marques, 33 anos, e a família já saíram do acampamento há sete meses, depois de conseguirem, com muita dificuldade, arrendar uma casa na cidade, para terem “mais higiene” e melhores condições habitacionais.
“Saí porque queria viver em melhores condições e outros não saem, porque não conseguem alugar casa”, explica à Lusa o outrora vendedor ambulante e atual funcionário municipal, acrescentando que “a sociedade não aceita muito bem os ciganos”, daí a dificuldade que a comunidade tem em recorrer ao mercado de arrendamento.
Tendo como prioridade erradicar as barracas que servem de habitação no concelho, o município foi ao encontro da minoria através do projeto “Kher Nevo”, que na língua romani significa “casa nova”, estando para isso a trabalhar em várias vertentes.
A autarquia criou uma equipa de mediadores interculturais para facilitar a comunicação com a comunidade e envolvê-la nas decisões. José Silva, 29 anos, de etnia cigana e funcionário municipal, passou a desempenhar essas funções desde setembro.