Cada português produz, em média, 1,40 kg de resíduos urbanos por dia, segundo dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Se parte deste lixo não tiver como destino a reciclagem, a maioria seguirá para o aterro sanitário.
A reciclagem é, sem dúvida, uma das soluções mais sustentáveis quando já esgotámos as outras, como a redução e reutilização.
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Todos já ouvimos dizer, vezes sem conta, que esta política é essencial para o ambiente e para todos nós. Mas, afinal, do que se trata e como se processa?
O que é a reciclagem?A reciclagem é o processo que permite transformar materiais usados em novos produtos. As vantagens são muitas: redução do consumo de matérias-primas virgens, diminuição da utilização de energia e da poluição do ar e da água, bem como redução da emissão de gases de efeito de estufa.
Assim, os materiais que de outra forma seguiriam para o lixo indiferenciado podem ganhar uma nova vida. Uma embalagem de plástico de sumo pode regressar como uma peça de roupa, a lata de atum pode ajudar a dar vida a uma bicicleta e a revista pode transformar-se numa caixa de cartão.
A história começa em casaA reciclagem do plástico, alumínio, papel, cartão e vidro tem início com uma ação muito simples, mas muito poderosa: separar os resíduos de embalagem e colocá-los nos respetivos ecopontos. Depois, os serviços municipais fazem a recolha e encaminham as embalagens para os centros de triagem, mantendo sempre as diferentes fileiras separadas (papel/cartão, plástico e metais e também o vidro). Aqui as embalagens são segmentadas por diferentes tipos de materiais para depois seguirem para o reciclador.
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É aqui que acontece a magia da transformação.
A reciclagem mecânica é um dos métodos utilizados para transformar resíduos em matérias-primas para a produção de novos produtos. No caso dos plásticos, a transformação é mecânica e sem alteração da sua estrutura química.
Quando os fardos de plástico chegam à indústria de reciclagem, vindos dos centros de triagem, passam por um novo processo de separação, para depois serem alvo de trituração, lavagem, secagem e extrusão. O granulado obtido através deste processo é encaminhado para a indústria transformadora, para dar origem a inúmeros objetos, como os sacos de plástico que utilizamos nos supermercados e para colocar o lixo em nossas casas.
Também a esferovite, que deve ser depositada no ecoponto amarelo, segue este percurso. Por exemplo, as empresas fabricantes de blocos moldados em poliestireno expandido ou EPS (mais conhecido como esferovite) recorrem à reciclagem mecânica para realizar o processo de extrusão deste material. Posteriormente, pode ter inúmeras aplicações, desde caixas para eletrodomésticos a componentes automóveis e material de construção civil.
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Por isso, lembre-se: continue a separar o plástico e a esferovite em casa e a colocá-los no ecoponto amarelo. Estes resíduos ainda têm muito para dar!
Embalagens de PET: o rei dos plásticosO plástico PET, utilizado em garrafas de água e refrigerantes, óleo alimentar e embalagens de detergentes, é o mais reciclado e pode passar inúmeras vezes por este processo.
Nas empresas de reciclagem de resíduos de PET, este material passa por várias etapas. Numa primeira fase, removem-se os rótulos e selecionam-se os diversos tipos de resíduos com a ajuda de leitores óticos. Segue-se uma nova triagem manual. Depois, o material é moído em pequenas frações, passando ainda pela lavagem a quente.
Por fim, entra num sistema de separação ótico, no qual são eliminados todos os contaminantes, garantindo a qualidade do produto. O resultado são os flakes de PET, uma matéria-prima pronta a ser usada, por exemplo, no fabrico de novas embalagens ou noutras aplicações. E assim, se fecha o círculo deste material.
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Nunca é demais recordar: sempre que consumir uma garrafa de plástico de água ou refrigerantes, coloque-a no ecoponto amarelo.
Vidro: o super-herói 100% reciclávelO vidro das embalagens é 100% reciclável e pode dar a volta completa infinitas vezes. Ainda bem, porque os benefícios da reciclagem deste material estão à vista: por cada tonelada reciclada, poupamos 1,2 toneladas de matéria virgem, e reduzimos em 60% a produção de dióxido de carbono associada ao fabrico do vidro.
Depois de serem colocadas no ecoponto, as embalagens de vidro são recolhidas e depositadas numa plataforma própria para seguirem para as fases de descontaminação e reciclagem.
Na indústria vidreira, a primeira etapa da reciclagem do vidro consiste na separação, manual e magnética, dos contaminantes, como os rótulos ou tampas. Segue-se a trituração e nova fase de triagem, para seguir para o forno de fusão. Quando sai, já está pronto a dar vida a novas embalagens de vidro.
Ao colocar as garrafas de vidro no ecoponto verde está a contribuir para o nascimento de novas embalagens deste material, totalmente sustentáveis.
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Depois da recolha, o papel e o cartão são encaminhados para retomadores que, por sua vez, procedem à separação do material entre embalagens e não embalagens — como é o caso dos jornais e das revistas. O processo decorre nas linhas de triagem, sendo feito de forma automática (balísticos e leitores óticos) e, se necessário, manual.
De seguida, removem-se os componentes que não são papel ou cartão e que podem prejudicar o processo da reciclagem, por exemplo, plásticos ou papéis parafinados ou plastificados. Após esta separação, são produzidos fardos que são encaminhados para fábricas de produção de papel reciclado.
E assim se fecha o ciclo destes materiais. Ainda tem dúvidas de que vale a pena colocar os papéis no ecoponto azul? Está nas mãos de todos nós ajudarmos a dar uma nova vida às embalagens e contribuir para poupar o planeta Terra. Vamos começar?
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