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Portugueses confiam mais nos médicos e menos nos políticos

Estudo da autoria de Miguel Ricou, professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e investigador do CINTESIS, mediu a confiança dos portugueses em diferentes profissionais em dois momentos distintos da pandemia

Os portugueses têm revelado níveis elevados de confiança nos médicos, enfermeiros e outros profissionais das áreas da saúde, ciência e educação ao longo da pandemia de covid-19, mas a confiança depositada nos políticos baixou.

Estas são conclusões de um estudo da autoria de Miguel Ricou, professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e investigador do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, a que a Lusa teve acesso nesta segunda-feira.

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O trabalho, intitulado “COVID-19 Pandemic: Effect on Confidence Levels of Portuguese Towards People of Different Professions”, mediu a confiança dos portugueses em diferentes profissionais em dois momentos distintos da pandemia: julho e setembro de 2020.

Ao todo participaram 1.455 portugueses entre os 19 e os 79 anos (44 anos, em média), e maioritariamente do sexo feminino.

De acordo com os dados disponibilizados, os médicos e os enfermeiros são os profissionais que merecem mais confiança dos portugueses (entre 43 e 44%), seguidos pelos investigadores (37%), farmacêuticos (35%), psicólogos (33%), professores e educadores (32%).

“Estes resultados podem ser justificados pelo papel desempenhado por estes profissionais durante a pandemia, especialmente pelos médicos e enfermeiros”, explica Miguel Ricou, em comunicado enviado à Lusa.

Do mesmo modo, as profissões ligadas à ciência, cujas práticas são baseadas na evidência, podem estar a merecer mais confiança, nesta crise pandémica, porque os portugueses precisam de “respostas que os façam sentirem-se seguros” e pelo papel da Saúde Pública perante as questões sanitárias.

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Menos confiança nos políticos

Inversamente, este estudo revela uma redução da confiança dos portugueses nos políticos, nos dois períodos em causa, à semelhança do que está descrito noutros países.

As razões apontadas passam pela crise socioeconómica e pela impopularidade das medidas adotadas pelos governantes.

O nível de confiança nos jornalistas também baixou.

“É muito fácil atribuir culpas ao mensageiro”, considera Miguel Ricou, lembrando que as “teorias da conspiração” e fenómenos como a “desinformação” e as fake news podem explicar estes resultados, numa altura em que o jornalismo desempenhou um papel fundamental para informar a sociedade.

“Confunde-se o mensageiro com a mensagem”, frisou.

Para o professor da FMUP, a solução para aumentar os níveis de confiança da população pode passar por mais ações conjuntas envolvendo profissionais de saúde, cientistas, políticos e jornalistas, quer a nível da tomada de decisão quer da comunicação das medidas a tomar.

Este estudo teve também a participação de Helena Pereira e Sílvia Marina ambas investigadoras da FMUP/CINTESIS, bem como de Tiago Pereira, da Ordem dos Psicólogos Portugueses, e de Ricardo Picoli, da Universidade de São Paulo, no Brasil.

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