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O objetivo é ganhar o país, mas é preciso lutar distrito a distrito. Como têm variado os votos nas últimas eleições legislativas

Está tudo em aberto na corrida eleitoral. Por isso, fomos percorrer as últimas quatro eleições legislativas para encontrar os distritos que não costumam seguir tendências do total nacional: quando um partido ganha no país, outro ganha no distrito - ou há empate - no que respeita à distribuição de deputados. São a prova de que tudo pode mudar. E de que as contas a 10 de março podem sair ainda mais difíceis do que o esperado para PS e PSD. No Parlamento, um lugar que seja faz a diferença

Beja, Évora e Portalegre. O Alentejo, de forma geral, não é um território fácil para o PSD. Nas eleições de 2011 e 2015, quando os sociais-democratas venceram as legislativas, Beja, Évora e Portalegre resistiram a pender para esse lado: deram o mesmo número de deputados ao PSD e ao PS. Nas duas últimas legislativas, ganhas pelo PS, o PSD perdeu mesmo representação em Beja e Portalegre.

Braga. É um distrito onde os partidos apostam muitas fichas, até porque Braga garante um grande número de lugares no Parlamento. Em 2024 serão 19. Voltando a 2019, quando o PS se tornou o partido mais votado, Braga não foi tão rápida na mudança de cor política. Notou-se a divisão: nesse ano, PSD e PS elegeram oito deputados cada neste círculo. Em resumo: Braga é um distrito onde as dúvidas se mantêm até ao fim.

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Bragança. Este distrito pende para o PSD. Basta ver que em 2019, mesmo quando o PS se tornou o partido mais votado, Bragança deu um deputado aos socialistas e dois aos sociais-democratas. Em 2022, com a maioria absoluta de António Costa, o cenário inverteu-se.

Castelo Branco. Nas eleições em análise neste artigo, quando o PSD foi o partido mais votado, Castelo Branco não alinhou pela tendência geral. Em 2011 e 2015 deu o mesmo número de lugares ao PSD e ao PS. Desde 2019, os socialistas têm três deputados e os sociais-democratas um. 

Leiria. Este distrito é outro dos casos que só mudou de cor com a maioria absoluta do PS. Até então, o PSD estava à frente. Mesmo em 2019, quando os socialistas foram os mais votados no país, foram os sociais-democratas a destacar-se no número de deputados por Leiria. 

Lisboa. O maior círculo eleitoral do país normalmente alinha com o vencedor geral das eleições. Mas é preciso recuar até 2015 para perceber porque entra Lisboa nesta lista. Nesse ano, deu 18 deputados ao PS e 18 deputados ao PSD. Algo que dificultou as contas para a maioria absoluta desejada pelo PSD. António Costa alinhou-se então com os partidos à esquerda, criou a geringonça e formou governo apesar de liderar o segundo partido mais votado.

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Setúbal. Este distrito tem uma tradição bem marcada à esquerda. Por isso, mesmo quando o PSD ganhou no país, Setúbal não lhe deu esse gosto nas eleições em análise. Basta ver que em 2011, após a chamada da troika e a queda do governo socialista de José Sócrates, deu ao PS e ao PSD o mesmo número de deputados. Em 2015, com Passos Coelho à frente no país, Setúbal dificultou as contas: deu mais dois deputados ao PS do que ao PSD. Desde então, os socialistas têm o triplo dos deputados dos rivais neste círculo.

Viana do Castelo. Este é um dos territórios onde os socialistas têm alguma dificuldade de afirmação. Basta ver que quando o PS ganhou as eleições em 2019 e 2022, este distrito nunca deu primazia ao PS no número de representantes no Parlamento. PS e PSD ficaram empatados no número de deputados. Antes disso, era claro como o PSD ficava à frente.

Vila Real. Só com a maioria absoluta de António Costa em 2022 é que Vila Real inverteu a sua tendência de apoio mais evidente ao PSD. Os sociais-democratas, que vinham sempre elegendo três lugares neste distrito, passaram a ter só dois. O PS ganhou-o. Mas a prova de que este é um distrito desalinhado está em 2019: mesmo tendo o PS ganhado as eleições, Vila Real dava mais representantes ao PSD.

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Viseu. No “Cavaquistão”, o eleitorado virar-se para o PS não é uma tarefa fácil. Quando o PSD ganhou as eleições em análise, era clara a preferência de Viseu no número de deputados. Contudo, quando o país mudou de cor política, Viseu não foi tão assertivo: em 2019 e 2022 mandou exatamente o mesmo número de deputados pelo PS e pelo PSD para o Parlamento. 

Madeira. Este território é outra prova da tradição social-democrata. Se nas eleições ganhas pelo PSD era clara a preferência, quando o PS tomou a dianteira, a Madeira equilibrou a distribuição de lugares: três para cada lado. Com esta tendência de empate, e dada a crise política criada com o caso da alegada corrupção no arquipélago, é um dos círculos onde o resultado pode mudar.

Açores. Ao contrário da Madeira, foi a tradição socialista que durante longos anos se afirmou nos Açores. E prova disso encontra-se em 2015 quando, contrariando a tendência geral, os Açores deram mais um lugar ao PS do que ao PSD. Contudo, os resultados das últimas eleições regionais voltaram a colocar o PSD à frente. Se houver um reflexo desse contexto regional nas legislativas, o cenário de primazia do PS nos deputados açorianos poderá inverter-se.

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Europa e Fora da Europa. A tradição dita que a distribuição nos círculos da emigração seja a meias: um deputado para PS e outro para o PSD na Europa e Fora da Europa. Só que há exceções à regra. Na Europa, em 2022, só o PS conseguiu ter representantes. Fora da Europa, em 2011 e 2015, tinha sido ao contrário: zero para o PS, dois para o PSD. Por isso, numas eleições em que qualquer lugar fará a diferença para a maioria parlamentar, também os representantes da emigração serão determinantes.

Dados relativos ao PS integram coligações, quando existentes (Fonte: Ministério da Administração Interna)
Em resumo:

2011. Neste ano, o PSD foi o partido mais votado. Beja, Castelo Branco, Évora, Portalegre, Setúbal e Europa atribuíram o mesmo número de lugares no Parlamento ao PSD e ao PS.

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2015. Neste ano, embora o PS tenha acabado a formar governo, foi o PSD o partido mais votado. O PS conseguiu eleger mais deputados do que o PSD em Faro, Setúbal e Açores. Em Beja, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Guarda, Lisboa, Portalegre e Europa a divisão foi notória: PS e PSD tiveram o mesmo número de deputados.

2019. O PS tornou-se o partido mais votado. Mas há exceções: Bragança, Leiria e Vila Real optaram por dar mais representação no Parlamento ao PSD. Já em Braga, Viana do Castelo, Viseu, Madeira, Europa e Fora de Europa, o resultado foi o mesmo no número de cadeiras.

2022. Em ano de maioria absoluta do PS, o partido então liderado por António Costa não conseguiu afirmar-se em Viana do Castelo, Viseu, Madeira e Fora de Europa: nestes círculos, PS e PSD tiveram o mesmo número de deputados.

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