Já fez LIKE no CNN Portugal?

Eurodeputados portugueses nos "escalões mais altos de desempenho". Sete em 21 integram lista dos 100 mais influentes no Parlamento Europeu

No retrato da delegação portuguesa no Parlamento Europeu, os 21 eurodeputados lusos surgem bem colocados em várias áreas de intervenção política em termos proporcionais. Segundo o EU Matrix, são os que demonstram "o melhor desempenho no que toca a atividades legislativas". Paulo Rangel (PSD) lidera a lista e Isabel Santos (PS) é a mulher portuguesa mais influente no PE. Outras duas eurodeputadas integram a lista dos 40 mais influentes com menos de 40 anos

Portugal é um dos países mais bem representados pelos seus eurodeputados no Parlamento Europeu. A conclusão é do EU Matrix, uma plataforma de pesquisa que agrega dados digitais para desenvolver rankings e análises sobre a atividade parlamentar dos 705 eurodeputados dos 27 Estados-membros da União Europeia (UE) que atualmente compõem o braço legislativo do bloco. 

“A performance dos eurodeputados portugueses no Parlamento Europeu está nos escalões mais altos”, indica o EU Matrix no seu mais recente índice, divulgado esta semana. “São a terceira delegação em termos de influência política proporcional e a segunda mais prolífera proporcionalmente [ao seu tamanho].” Para além disso, são os que demonstram “o melhor desempenho no que toca a atividades legislativas” de entre as 27 delegações nacionais.

PUB

Ao todo, dos 21 eurodeputados portugueses eleitos em 2019 para a atual legislatura, que está prestes a terminar, Portugal tem sete no top 100 dos mais influentes, uma lista que é encabeçada pela maltesa Roberta Metsola, atual presidente do PE, que pertence ao Partido Popular Europeu (PPE). O primeiro nome português surge no 15.º lugar: Paulo Rangel, eurodeputado do PSD que também integra o PPE de Metsola. 

A Rangel seguem-se Pedro Silva Pereira, do PS (que integra a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas, ou S&D) em 18.º lugar; Pedro Marques (PS) em 34.º; Isabel Santos (PS) em 35.º; Isabel Carvalhais (PS) em 63.º e Maria Graça Carvalho (PSD) na 70.ª posição. A fechar a lista dos 100 eurodeputados mais influentes surge outra portuguesa: Marisa Matias, do Bloco de Esquerda, que integra a família política GUE/NGL no Parlamento Europeu.

Há mais mulheres do que homens portugueses nos rankings divulgados pelo EU Matrix. A juntar às quatro mulheres na lista dos 100 mais influentes (por oposição a três eurodeputados do sexo masculino na mesma lista), duas portuguesas surgem no ranking dos 40 eurodeputados mais influentes com menos de 40 anos – Sara Cerdas (PS) na 24.ª posição e Lídia Pereira (PSD) na 32.ª, sem qualquer homem a integrar o índice. (A fechar a lista surge um nome que soa português – o de Mónica Semedo, eurodeputada do Luxemburgo de ascendência cabo-verdiana.)

PUB

Índice 2024: Influência proporcional dos eurodeputados por país (em todas as áreas políticas). Fonte: EU Matrix
"Desempenho excecional" no mercado interno e finanças

A análise geral dos dados mostra que a delegação mais influente é a da Alemanha e também uma das que apresenta um melhor desempenho proporcionalmente ao seu tamanho. Na ponta oposta estão os italianos e, a um nível menor, os franceses, se não se considerar o tamanho das suas delegações. Entre os países pequenos, o pódio de delegações mais influentes é composto pelos luxemburgueses, os malteses e os portugueses; ainda entre as nações mais pequenas da UE, são as delegações da Hungria, Chipre e Itália que apresentam piores resultados no PE.

Citada como a delegação com “o melhor desempenho no que toca a atividades legislativas”, por oposição a “posições de liderança”, existem, contudo, “diferenças significativas” entre as várias áreas de intervenção política dos eurodeputados lusos, indica o EU Matrix, à semelhança do que acontece com outras delegações nacionais. 

PUB

No caso português, os eurodeputados têm tido um “desempenho excecional” em atividades ligadas a pastas como o mercado interno (Lídia Pereira, Maria Manuel Leitão Marques) e finanças (Pedro Marques, José Gusmão) – em ambas as áreas, ocupam o primeiro lugar de influência em termos proporcionais. Também tendem a ser os mais influentes em tópicos regulatórios, como agricultura e pescas (surgem em segundo lugar) e questões energéticas (Maria da Graça Carvalho).

Para além disso, “a sua influência também é forte em áreas estratégicas” como assuntos externos, defesa e alargamento (Isabel Santos) e assuntos institucionais e constitucionais da UE (Paulo Rangel). Ainda assim, apresentam uma classificação abaixo da média em áreas como o comércio, é indicado no mesmo relatório. Em reação aos resultados, Isabel Santos destaca que "os rankings valem o que valem, mas penso que esta posição espelha o empenho no trabalho desenvolvido ao longo deste mandato, guiado pela defesa inquebrantável da democracia, dos direitos humanos e da paz".

PUB

Isabel Santos (PS) é a mulher portuguesa mais influente no Parlamento Europeu, com destaque para o trabalho desenvolvido nas áreas de assuntos externos, defesa e alargamento. Foto: Alexis Haulot
Prognósticos para as europeias

“Apesar de haver sinais de polarização na cena política portuguesa, a subida da extrema-direita do Chega tem sido, até agora, compensada pelas perdas que alguns partidos mais à esquerda no espectro político enfrentam, especialmente os comunistas”, revela o EU Matrix.

Neste momento, Portugal tem nove eurodeputados integrados no S&D (todos do PS), sete no PPE (seis deles do PSD e um do CDS), quatro no Grupo da Esquerda (GUE/NGL) – dois deles eleitos pelo BE, outros dois pelo PCP – e um independente integrado no Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia. Ou seja, a delegação está distribuída pelo centro-direita, centro-esquerda e esquerda, sem qualquer eurodeputado nas famílias políticas mais à direita – os liberais do Grupo Renovar a Europa (Renew), atualmente liderado pelo flamengo Guy Verhofstadt, e o Identidade e Democracia (ID), da extrema-direita, que integra partidos como o Alternativa para a Alemanha (AfD) e o Reagrupamento Nacional, da francesa Marine Le Pen.

PUB

“Como acontece com outros partidos em ascensão, a associação do Chega ao grupo ID, que tem sido sujeito a um ‘cordão sanitário’ por outros grupos políticos, diminui as hipóteses de vir a exercer influência significativa no próximo Parlamento Europeu”, indica o EU Matrix com base nos dados disponíveis. Contudo, a eleição de eurodeputados do partido não é de excluir, sobretudo dependendo do resultado do Chega nas eleições legislativas antecipadas de 10 de março, que podem galvanizar a extrema-direita para as europeias de junho.

As contas da próxima legislatura

A legislação da UE prevê um máximo de 750 deputados europeus, mais o presidente, sendo o número de lugares por país decidido antes de cada eleição europeia. Com as europeias a meros três meses de distância, já é sabido que, na próxima legislatura, vai haver alterações na composição de algumas delegações, o que não é o caso com a portuguesa, que vai manter os seus 21 eurodeputados. 

A distribuição dos lugares tem em conta a dimensão da população dos Estados-membros e a fasquia mínima de representação dos cidadãos europeus dos países mais pequenos – é o chamado princípio de “proporcionalidade degressiva”, consagrado no Tratado da UE, que significa que, apesar de os Estados-membros mais pequenos terem menos deputados do que os países maiores, cada eurodeputado destes últimos acaba por representar mais cidadãos do que os homólogos dos países mais pequenos, como Portugal. 

O número mínimo de lugares por país é de seis – caso de Malta, Luxemburgo e Chipre, cujas delegações vão manter-se iguais em número nas próximas eleições. O máximo é de 96, havendo apenas um país – a Alemanha – com essa quantidade de eurodeputados. A par de Portugal, há neste momento outros cinco países com 21 eurodeputados cada – Bélgica, Grécia, Chéquia, Suécia e Hungria. Desses, quase todos vão eleger o mesmo número de deputados para a próxima legislatura, à exceção dos belgas, que vão ganhar um eurodeputado. 

Ao todo, 12 Estados-membros vão sofrer alterações na composição das suas delegações nacionais: França, Espanha e Países Baixos vão ganhar mais dois eurodeputados cada. Polónia, Bélgica, Áustria, Dinamarca, Finlândia, Eslováquia, Irlanda, Eslovénia e Letónia vão ganhar um cada. Ou seja, quando a contagem de votos terminar a 9 de junho, o próximo Parlamento Europeu vai passar a ser composto por 720 eurodeputados mais o presidente, em vez dos atuais 705+1. Isto acontece sob recomendação do Conselho Europeu, com base num relatório do próprio Parlamento Europeu, para que fossem adicionados mais 11 assentos na legislatura 2024-2029.

PUB