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Em 2020, e a falar para o mundo, Zelensky disse em Davos que "a preocupação não chega"

Presidente ucraniano vai ser uma das estrelas da reunião do Fórum Económico Mundial, onde já esteve há dois anos. Na altura, com uma guerra a decorrer no Donbass, avisou que era preciso fazer mais

O presidente da Ucrânia vai ser a grande figura da reunião do Fórum Económico Mundial em Davos, na Suíça. Volodymyr Zelensky vai abrir o encontro com uma intervenção por vídeo, num discurso que vai ter muito mais atenção que aquele que fez em janeiro de 2020.

Na altura, e quando já havia guerra entre separatistas pró-russos e forças ucranianas nas regiões de Donetsk e Lugansk, bem como a anexação da Crimeia por parte da Rússia, Volodymyr Zelensky mostrava-se preocupado com a posição do resto do mundo, dizendo que a preocupação não chegava, que era preciso mais.

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“A guerra está a decorrer no meu país pelo sexto ano. Há seis anos, a Rússia anexou parte do território, apesar das centenas de páginas de Direito Internacional e das organizações criadas para o proteger”, disse na altura.

O ucraniano referia-se a “uma nova normalidade”, afirmando que “a preocupação mundial não chega”, falando numa estrutura mundial fraca e vulnerável, uma vez que várias organizações não desempenhavam o papel para o qual foram criadas.

Durante o discurso, e questionado por Klaus Schwab, fundador do Fórum Económico Mundial, sobre como esperava que a guerra se desenrolasse, Volodymyr Zelensky dizia chefiar um governo "pronto para parar a guerra hoje". Não aconteceu, e à altura já se contavam 14 mil mortos.

A outra parte do discurso foi utilizada para tentar captar investimento, mas sem nunca esquecer a presença russa, nomeadamente na Crimeia: "Qual é o desafio para quem perdeu parte do seu terriório. Eu respondo: ser um líder da Europa Central e de Leste."

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Pode ver o discurso de Volodymyr Zelensky em 2020 aqui.

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O que vai dizer Zelensky

Depois de um ano em que a reunião foi realizada por via online, por causa da covid-19, líderes mundiais voltam a juntar-se fisicamente, e numa situação inédita: é a primeira vez que o encontro vai decorrer em simultâneo com uma guerra na Europa.

De acordo com a Sky News, que falou com uma deputada ucraniana que faz parte da delegação do país, a dependência europeia face ao petróleo e gás natural russos vai ser um dos pontos essenciais. Volodymyr Zelensky vai dizer que a compra desses bens serve para financiar violações e homicídios de crianças ucranianas. Ivana Kylmpush-Tsintsadze diz que é necessário um embargo total aos combustíveis fósseis vindos da Rússia, o que se deve conjugar com um reforço das sanções já em vigor.

A mensagem de Ivana Kylmpush-Tsintsadze, que faz parte da maior delegação diplomática a sair de Kiev desde o início da guerra, vai passar por convencer os líderes mundiais de que a compra de energia russa pode incentivar crimes de guerra.

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E é isso que Volodymyr Zelensky vai reforçar, quando, na manhã desta segunda-feira, se dirigir ao seu público, em vídeo.

“Estamos aqui para deixar uma mensagem do nosso país. A necessidade de nos mantermos juntos e desistirmos de tentar fazer os negócios do costume com a Federação Russa serve para protegermos tudo aquilo em que acreditamos, na prosperidade, na democracia, na liberdade”, afirmou a deputada, apontando que aqueles valores são “tão importantes como os governos e as pessoas” na hora de fazer negócios.

Um dos países que mais tem a perder com um eventual embargo ao petróleo e gás natural russos é a Alemanha. E foi lá que Ivana Kylmpush-Tsintsadze teve “um dia difícil de conversações”, ainda que tenha deixado Berlim com “uma pequena esperança de que [os alemães] estejam a considerar um embargo total”.

“Se pagarem às empresas russas pelo petróleo e gás natural estão a dar-lhes recursos para continuarem a destruir as nossas cidades, as nossas vilas, para matarem as nossas crianças, violarem as nossas mulheres, idosos, bebés, recém-nascidos e destruírem o país”, acrescentou.

A 51.ª edição, que decorre deste domingo até quinta-feira, 26 de maio, será "a mais oportuna desde a sua criação" por todos os problemas que o mundo enfrenta e que põem à prova governos e negócios, indicaram os organizadores.

Nesta reunião são esperados mais de 2.500 participantes, incluindo cerca de 50 chefes de Estado e de Governo, mais do que os que participaram na edição anterior.

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