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É normal sentir-se cansado de ter de cozinhar tanto. Saiba como pode sentir-se melhor

Passaram-se dois longos anos na cozinha. Quer sejam cozinheiros domésticos entusiastas ou menos confiantes, a pandemia deixou toda a gente exausta de cozinhar. Também nos fez perceber o trabalho que dá ter de cozinhar todas as refeições todos os dias.

Segundo Leanne Brown, autora de “Good Enough: A Cookbook”, está na altura de deixarmos de ser tão duros connosco próprios e pararmos de estabelecer expetativas irrealistas para a comida que sai das nossas cozinhas.

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“Encontramos sempre formas de nos criticarmos quando já estamos a passar por dificuldades”, disse Brown. Cozinhar em casa não “tem nada a ver com o trabalho de um chefe de restaurante ou de uma pessoa a tentar criar conteúdos para que o algoritmo a destaque no Instagram”. A menos que a sua família lhe esteja a pagar pelo ato de lhes fazer comida, não é preciso haver tanta pressão.

Em vez de nos martirizarmos a pensar naquilo que deve ser um “bom cozinheiro”, Brown encoraja-nos a pensar apenas no que é “suficientemente bom” e a reformular a nossa abordagem ao processo (e sim, ao trabalho) de cozinhar, com algumas mudanças mentais e táticas.

Saiba quais as estratégias de Brown para tornar o trabalho diário de se alimentar mais fácil.

Reconhecer que cozinhar é mais do que cozinhar

“Pensamos em cozinhar como o ato de estar na cozinha, a cortar os alimentos, a fazer a refeição”, referiu Brown. “Mas não se pode estar nela sem se ter feito todas estas outras coisas” - tais como decidir o que comer, comprar ingredientes e certificar-nos de que a cozinha está abastecida com os materiais necessários.

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“Alimentarmo-nos a nós próprios é uma habilidade subvalorizada”, referiu a autora. “Desvalorizamo-la no mundo capitalista e nas nossas casas e expetativas em relação à mesma.”

Embora não haja uma solução simples para agilizar o multifacetado ato de cozinhar, Brown sublinha o reconhecimento do trabalho e da carga mental que vem com cada refeição. “Se se sente sobrecarregado pela sensação geral de que há demasiado para lidar quando se entra na cozinha, saiba isto: Não está sozinho”, disse ela.

Haverá sempre uma troca de tempo e trabalho por dinheiro ao definir os incómodos que vêm com o ato de cozinhar, e os orçamentos nem sempre permitem a entrega de compras em casa, a compra de refeições pré-feitas ou parcialmente preparadas ou kits de refeições.

O trabalho começa com a identificação dos pontos “onde podemos bloquear”, como refere Brown – “os pratos e as compras do supermercado e a gestão do frigorífico.” Faça pequenas alterações nessas áreas.

“Peça ajuda, distribua estas atividades de forma justa, estabeleça algumas boas rotinas e faça o que funciona melhor para si”, aconselhou.

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Se o planeamento de refeições não funcionar para si, experimente antes uma rotina de refeições

Com todas as etapas que fazem parte do ato de cozinhar e fornecer alimentos, é fácil sentirmo-nos desmotivados pela fadiga da decisão. Se já percebeu que não consegue levar até ao fim um planeamento de refeições, Brown sugere uma abordagem mais simples: uma rotina de refeições.

A ideia de uma rotina de refeições é bastante mais adaptável. É possível escolher dois ou três pratos para ir alternando ao longo da semana, quer seja alternar entre batidos e papas de aveia preparadas no dia anterior para comer ao pequeno-almoço, ou alternar entre salada de frango, húmus e a receita de Brown da sandes de pão pita com couve-flor e queijo para levar para o trabalho. Pode também escolher um dia da semana para comer uma refeição específica, como, por exemplo, terças-feiras de tacos ou domingos de canja de galinha.

A sandes de pão pita com couve-flor e queijo de Brown torna o seu plano de rotina de almoço mais saciante.

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“Trata-se de encontrar a estratégia do plano de refeições que funcione para si”, afirmou Brown. “Crie rotinas para as alturas do dia que são mais difíceis para si.”

Sabe-se que Brown, por exemplo, não é uma pessoa matinal, por isso, foca-se em refeições simples para o pequeno-almoço e salva os seus recursos criativos para fazer refeições mais complexas ao final do dia.

Faça da rotina “algo pelo qual pode ansiar, como ter uma noite para esvaziar o frigorífico, em que se come pizza ou uma omelete”. Bónus: Quando a rotina de refeições é definida, não há negociação com as crianças sobre o que comer.

Lutar contra expetativas irrealistas com a solução de criar ‘apenas refeições de montagem’

Outra forma sob a qual o cansaço da decisão nos pode deitar abaixo é na perceção de que cada refeição tem de cumprir com múltiplos deveres. A comida deve ser deliciosa, saudável, fácil, rápida e estar pronta a tempo de atender aos horários de vários membros da família, mas também tem de nos dar tempo para conversar ao longo da refeição - parece-lhe familiar?

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Quando estas expetativas irrealistas se tornam avassaladoras, “não há problema em simplificar”, afirmou Brown. “Escolham uma ou duas coisas com as quais queiram cumprir na vossa refeição.” Se o seu objetivo é colocar o jantar na mesa de uma forma que lhe permita fazer o menor número possível de pratos enquanto conversa com os seus filhos, basta focar-se nessas duas coisas.

Mantenha um stock de alimentos de "refeições de montagem" à mão, para que possa fazer uma refeição com pouco esforço e menos stress. Os snacks são uma forma ideal para servir uma refeição completa a partir de componentes simples, e não, eles não têm de ter o aspeto que têm no Instagram.

Juntamente com os habituais snacks, tais como queijos e bolachas, molhos e pastas de barrar, Brown recomenda:

- nozes condimentadas

- tâmaras - simples ou recheadas com queijo, manteiga de nozes ou salame

- pickles de vegetais e azeitonas

- ovos bem cozidos

- misturas de petiscos doces e salgados

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Segundo a autora, não se deve envergonhar por servir uma refeição não convencional, mas sim celebrar a capacidade de tomar uma decisão que se adapte à situação. “Devemos ter orgulho em nós próprios pelo carinho que nos estamos a dar quando o fazemos”, acrescentou ela, em vez de “pensarmos que temos de ser super-heróis.”

Faça uma ‘análise das sobras’ para se livrar do ciclo de culpa

As sobras podem ser a maior fonte de vergonha na cozinha doméstica. Já todos o fizemos, quando evitamos aquele recipiente no frigorífico pelo quinto dia consecutivo, mas sentindo que devíamos fazer algo com ele.

A solução para ultrapassar a vergonha das sobras, segundo Brown, é “aceitar a nossa própria tendência natural de sentir repulsa a certos tipos de alimentos em determinadas situações.” Ela recomenda que se faça uma “análise das sobras” em que ganhamos consciência de quais as refeições e o tipo de alimentos que normalmente deixamos que se estraguem no frigorífico, enquanto os outros são comidos com mais entusiasmo.

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Faz-lhe impressão a consistência das sobras de arroz ou de frango? Gosta de comer comida tailandesa ou pizza do dia anterior? Fica farto de comer sopa a meio da semana? Tome nota das suas tendências, depois comece a ajustar a sua prática culinária pouco a pouco.

Planeie comer as sobras que gosta como se fossem refeições frescas (tal como a comida que é “só para montagem”). E congele a sopa ou outros alimentos, como a receita rápida e quentinha de estufado de feijão branco, chouriço e verduras de Brown, de que se cansa rapidamente, para que, mais tarde, tenha uma refeição feita e pronta a comer.

A receita rápida de estufado de feijão branco, chouriço e verduras pode, uns dias mais tarde, tornar-se numa ótima refeição pronta a comer.

Para alimentos de sabor ou textura pouco atraentes, tente não confecionar esses pratos em específico com tanta frequência, para não ser obrigado a comê-los como sobras. “Seja gentil; isto levará tempo a tornar-se um hábito”, avisou Brown.

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Crie um jantar romântico na sua própria companhia

Quando tudo o resto falha, sentimo-nos melhor com comida reconfortante. Quando Brown precisa de um mimo, faz uma tábua de queijos para si própria e diz deste hábito, “parece que me levei a sair para um jantar romântico, e que está a correr muito bem.”

Encontre o seu equivalente pessoal à tábua de queijos de Brown e torne-o um ritual sem culpa que pode funcionar como um botão de limpeza emocional para a semana. É isso mesmo - não são necessárias mais instruções.

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