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Anda sempre com o carro na reserva e já ouviu dizer que faz mal? Escolhe sempre combustível de marca? Então deixe-se guiar por este artigo

Jorge Martins, professor do departamento de Engenharia Mecânica da Universidade do Minho e autor de vários livros, entre os quais “Motores de Combustão Interna”, desmistifica a questão e explica até que ponto esta preocupação é válida

"Conduzir com o carro na reserva danifica o motor” é algo que já todos ouvimos e muitos condutores, seja por esquecimento, falta de tempo ou dinheiro, acabam por fazê-lo, muitos com frequência. Mas danifica mesmo?

Toda a indústria automóvel tem registado melhoramentos constantes no que toca à evolução mecânica e construção de peças dos veículos: décadas atrás os depósitos de combustível eram concebidos em metal. Por isso, sempre que as paredes interiores secavam, acabavam por criar ferrugem, ferrugem essa que poderia libertar resíduos que ao entrarem no circuito do combustível danificavam o sistema de propulsão. Era por isso aconselhado manter as paredes dos tanques húmidas com gasolina ou gasóleo. 

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Esta é a principal razão pela qual ainda hoje se diz que “andar com o carro na reserva danifica o motor”. “Há 40 anos os filtros eram de má qualidade, mas nem aí fazia muito sentido dizer que o combustível da reserva danificava os carros. Agora são sempre de grande qualidade, não faz mesmo qualquer sentido”, garante o professor universitário à CNN Portugal.

Atualmente, os tanques são feitos em plástico, que não se danifica nem enferruja, e existe ainda o filtro do combustível para evitar a acumulação de resíduos.

Mas não é só a quantidade de combustível que entra na questão, também a qualidade deste. No tópico da eficiência ao volante, um dos temas mais discutidos é a verdadeira eficácia (ou falta dela) dos combustíveis aditivados. Segundo as petrolíferas, estes são os seus benefícios: ajuda a remover a sujidade e resíduos que se acumulam nos componentes do motor, contribuindo para um melhor desempenho e eficiência; proteção contra corrosão, alegando que alguns aditivos têm propriedades antioxidantes que ajudam a proteger os componentes metálicos do motor contra a corrosão, prolongando a sua vida útil; e ainda redução de emissões poluentes - os aditivos presentes no combustível permitem uma limpeza mais eficaz do motor, que pode ajudar a reduzir as emissões, contribuindo para uma menor pegada.

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Para Jorge Martins, é um “facto” que os combustíveis aditivados “são melhores”, ainda que nunca se consiga precisar exatamente de que maneira conseguem contribuir para o bom funcionamento do motor. “Não sabemos exatamente que aditivos estão presentes e não consigo discernir se, de facto, se gasta menos ou o motor funciona melhor, embora acredite que sim”, admite. É que a eficiência depende de muitos fatores, como “a temperatura, se ligamos o ar condicionado ou não, a distância percorrida”.

De uma coisa o professor universitário tem certeza e isso pode ajudar na hora de abastecer o carro: “O combustível aditivado tem menos espuma, o que permite um enchimento mais eficiente do depósito.” Mas é mais caro, valerá por isso a pena? Para Jorge Martins depende do preço apresentado. “Se a diferença estiver entre os três a cinco cêntimos, diria que vale a pena, depois desse valor, não tanto.”

Ainda no que respeita à qualidade dos combustíveis, se é daqueles condutores que só abastece em gasolineiras de marca, o especialista da Universidade do Minho lembra que “só existe uma refinaria em Portugal”. “Desde que a do Porto deixou de estar operacional, acaba por vir tudo do mesmo local.”

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