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Folhetim de voto: e que tal doar o cadáver do CDS à ciência política?

Que utilidade se pode dar ao cadáver do CDS? Aprender alguma coisa com a principal razão do seu definhamento e morte: o sectarismo e a apetência por purgas internas em nome de uma suposta pureza ideológica “original”. Na análise e opinião de Filipe Santos Costa, também é útil para o PSD perceber os riscos da exclusão, do sectarismo e das fantasias sobre purezas ideológicas que na realidade nunca existiram

CDS. Lembra-se? Ontem, num texto sobre o que os vários partidos terão (ou não) aprendido após os resultados de 30 de janeiro, esqueci-me do CDS. Não decidi deixar o CDS para outro texto, não entendi que devia escrever apenas sobre os partidos com representação parlamentar, nada que pudesse parecer uma justificação atendível. Esqueci-me, simplesmente. O que, dadas as circunstâncias, acaba por ser uma explicação atendível. 

Menos de duas semanas após as eleições, arrisco dizer que o CDS é o partido de que já quase ninguém se lembra. Se é assim hoje, quando a campanha e as eleições ainda estão frescas, imagine-se daqui a um ou dois anos. Paz à sua alma. O partido que já foi parodiado por ser “do táxi” já nem parodiado é (explicação para os millennials ou Geração Z: porque tinha só quatro deputados, logo, podiam ir todos no mesmo táxi). Suspeito que o CDS é hoje um cadáver, mas isso não significa que não se lhe possa dar utilidade. Talvez a morte de um partido que já foi estruturante da democracia possa não ser em vão - talvez possamos aprender alguma coisa com isso. Pode ser autopsiado, a bem da ciência política.

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Relvas. Sem a pretensão de fazer uma análise aprofundada à vida do CDS (tem aqui uma boa introdução a essa história) ou às razões da sua morte, quero focar-me naquela que sempre me pareceu a principal causa do seu definhamento desde a ascensão de Francisco Rodrigues dos Santos à liderança do partido: o sectarismo e a apetência por purgas internas em nome de uma suposta pureza ideológica original. De tanto querer afastar gente do CDS, Chicão acabou por afastar todos. Incluindo os eleitores. Não foi um acaso, ou um acidente - foi um suicídio coletivo e premeditado. O foco neste aspeto tem outra vantagem: para além da autópsia do CDS, ajuda a esclarecer, também, o que se passou no PSD durante estes anos em que esteve nas mãos de Rui Rio. Dois-em-um, portanto. 

Ouvi ontem Miguel Relvas, na CNN Portugal, a fazer a apologia da inclusão e da unidade como fatores essenciais para o sucesso da futura liderança do PSD, qualquer que ela seja. “Independentemente de quem for o próximo líder, é fundamental que não haja mais processos de exclusão”, disse o barão social-democrata. 

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(Relvas não se pronunciou sobre apoios a putativos candidatos, e até igualizou Paulo Rangel, Luís Montenegro, Jorge Moreira da Silva e Miguel Pinto Luz na grelha de partida - mas nos pormenores pareceu-me notória a sua inclinação para este último, até na forma como se colou a Pinto Luz na defesa da normalização do Chega, argumentando que este tem o “direito” (“direito”, imagine-se!) a nomear o racista Diogo Pacheco do Amorim como vice-presidente da Assembleia da República. Há coincidências que não são coincidência, e ontem - logo ontem, que diabo!, o dia em que o racismo do Chega saiu definitivamente do armário - Pinto Luz e Miguel Relvas acharam que era um bom dia para darem ao Chega direitos que não existem em nenhuma lei. Suspeito que voltaremos a este tema, mas a questão do Folhetim de Voto, hoje, não é essa.) 

Quero falar de inclusão versus exclusão; de capacidade de agregar por oposição a pretensões puristas que têm como única consequência punir e afastar a diferença. E, com isso, empobrecer os partidos.

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Unir. Somar. Volto ao que disse Miguel Relvas sobre o futuro do seu partido. “O PSD foi sempre um partido capaz de unir, onde houve várias linhas de pensamento, várias tendências, e foi sempre isso que fez um grande partido. O PSD foi capaz de ganhar eleições quando era capaz de juntar, era capaz de somar todas as suas tendências.” Foi isto que o antigo dirigente social-democrata defendeu ontem, em coerência com o que já havia defendido várias vezes nos últimos anos. 

Convém reconhecê-lo, se há coisa que nunca faltou no PSD foram “linhas de pensamento”, tendências, fações, “ismos” vários, uns mais à direita, outros mais ao centro, outros mais à esquerda. E os líderes bem sucedidos foram - é um facto - aqueles que conseguiram reunir, mobilizar, e aproveitar o melhor dessa variedade. 

Passos, Durão e Cavaco. Pedro Passos Coelho foi buscar os seus adversários nas eleições internas para lugares de relevo na nomenclatura social-democrata: Paulo Rangel tornou-se cabeça de lista às europeias e José Pedro Aguiar Branco foi ministro da Defesa. Com estes gestos, Passos não incluiu apenas essas pessoas, mas declinações diferentes do mesmo partido - Rangel mais à direita, ou não tivesse começado por militar no CDS; Aguiar-Branco mais social-democrata, ou não tivesse dado os primeiros passos no partido como convicto balsemista.

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Durão Barroso fez o mesmo: quando era líder da oposição, ofereceu a Santana Lopes a oportunidade de ser candidato à Câmara de Lisboa, quando chegou ao Governo, deu a Marques Mendes o lugar de ministro dos Assuntos Parlamentares, um dos cargos na torre de controlo de qualquer governo. Cavaco Silva também chamou para o seu Governo alguns dos seus críticos mais ferozes, de que António Capucho e Carlos Pimenta são apenas dois exemplos que se destacaram na oposição interna ao homem de Boliqueime.

Sá Carneiro. Antes de todos eles, também Sá Carneiro chegou ao Governo agregando, e não excluindo. Rui Rio gosta particularmente do Sá Carneiro dos anos fundadores do PPD, que dava murros na mesa, provocava cisões no partido e tinha como método bater com a porta - e é verdade que esse líder também existiu. Mas não só os tempos eram outros, e incomparáveis com uma democracia consolidada, como o momento em que o fundador do partido chega ao poder é quando se destaca por fazer outra coisa: quando mobiliza vontades, não só dentro do PSD como nos arredores, através do projeto da Aliança Democrática. Rio, note-se, conseguiu falhar clamorosamente na unidade interna do partido, mas também na capacidade de fazer do PSD o motor de uma alternativa de centro-direita ao PS. A recusa da coligação proposta pelo CDS foi só a confirmação da sua miopia, e António Costa tem a agradecer a essa decisão o facto de hoje governar em maioria absoluta. Bastaria a soma dos votos do PSD com o CDS para que esta coligação retirasse ao PS os cinco deputados que lhe dão o absolutismo maioritário.

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Somar ou subtrair. Desde o seu primeiro dia na liderança, Rui Rio apresentou-se no PSD com uma pretensão purista - o seu partido tinha de ser aquilo que ele entendia, uma social-democracia original e pura, sem desvios liberais ou conservadores. Desde o seu primeiro dia, Francisco Rodrigues dos Santos fez o mesmo no CDS - queria um partido democrata-cristão conservador, sem liberalismos ou outros “desvios de identidade” (a expressão é sua). Um sai da liderança do PSD pela porta pequena, após um percurso que soma alguns dos piores resultados eleitorais da história do partido. O outro deixa o CDS como um cadáver político, pela primeira vez em quase 50 anos de história sem representação parlamentar. 

A principal lição a retirar de ambas as experiências tem a ver com a capacidade de somar, ou a tentação de subtrair. No CDS de Chicão, como no PSD de Rio, a palavra de ordem nunca foi agregar, foi sempre excluir. Sucederam-se purgas em nome de pretensos purismos ideológicos. Purismo no sentido em que tanto Rio como Chicão pretenderam apresentar-se, cada um, como a medida da amplitude ideológica e programática de partidos com demasiado lastro para se reduzirem a tão fracas figuras.

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Se o grupo parlamentar do PSD sempre foi, para o bem e para o mal, um espelho da diversidade interna do partido, deixou de o ser com Rui Rio. Ao longo de décadas, muitas legitimidades justificavam que gente tão diferente se sentasse lado a lado nas bancadas do PSD: a legitimidade do aparelho ou da influência mediática; da sociedade ou das corporações; da história, ou da juventude; a legitimidade de representar correntes mais à esquerda ou mais à direita; ou de corporizar tempos diferentes ou lugares diversos. Hoje, olhamos para a nova bancada do PSD e há apenas uma legitimidade que justifica aquele conjunto de pessoas: a fidelidade a um líder. Quanto à nova bancada do CDS… não existe.

Direitas. PSD e CDS não são partidos iguais, desde logo nas diferenças impostas pela dimensão - e, decorrente disso, os papéis distintos que desempenharam ao longo da democracia portuguesa. O PSD foi sempre um dos dois grandes partidos do centro, menos vincados ideologicamente, seja por natureza, seja por necessidade, por terem de falar para todo o eleitorado, como bons partidos “catch all” que são. Por isso PS e PSD, a cada liderança, puderam reinventar-se, afinando a sua bússola ideológica e programática à medida do líder de cada momento, dos tempos e dos sinais do eleitorado. Isso fez-se sempre sem grandes ruturas, pois ambos os partidos acolhem diversidade de pensamento suficiente para dar músculo a diferentes declinações partidárias em cada circunstância. Essa tem sido, desde sempre, a sua principal força. 

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Embora menos elástico, também no CDS sempre houve uma considerável diversidade interna - afinal, trata-se de um partido que nasceu no “centro” de um sistema partidário inclinado para a esquerda, o que fez com que o seu “centro” ficasse, afinal, encostado à direita. Honra lhe seja feita, o CDS nunca teve dúvidas sobre ser um partido de direita, tirando o equívoco dos anos do regresso de Freitas do Amaral, quando o fundador do partido o tentou reinventar “rigorosamente ao centro”, à esquerda do PSD e à direita do PS.

Obviamente, o eleitorado não compreendeu tanto malabarismo. 

Três-em-um. O que não significa que o CDS fosse, até então, ou depois disso, um partido monolítico. O CDS liberal de Francisco Lucas Pires e do Grupo de Ofir era um partido muito diverso do CDS democrata-cristão e conservador de Adriano Moreira. Passado o parêntesis da segunda liderança de Freitas do Amaral, o mesmo Adriano Moreira ajudou o jovem Manuel Monteiro a conquistar o partido - mas ao lado de Monteiro, que se assumia como herdeiro do velho Adriano, estava gente como Luís Nobre Guedes ou Pedro Ferraz da Costa, representantes de um novo Portugal liberal que se revia nas páginas do jornal O Independente. E, por falar nisso, Paulo Portas acabou por trazer para o CDS a mundivisão do jornal que fundou: conservador e liberal, nacionalista e cosmopolita, populista e elitista. Às vezes, cada coisa de sua vez; por vezes, tudo à mistura. Sempre sem dramas.

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Foi este cocktail improvável, onde conviviam Monteiro e Portas; Maria José Nogueira Pinto e Luís Nobre Guedes; Krus Abecasis e Lobo Xavier; Basílio Horta e Telmo Correia; Ribeiro e Castro e Nuno Melo, que permitiu ao CDS renascer no início dos anos 90 e a Paulo Portas dirigir o partido ao longo de, no total, 16 anos - levando, por duas vezes, o partido ao poder.

Portas tratava a ideologia como um meio, nunca como um princípio ou um fim. Até a destrava, quando isso lhe dava jeito. Numa das moções de estratégia com que foi eleito num congresso do CDS (subscrita, se bem me lembro, por Nobre Guedes), defendia um CDS “pós-ideológico”. No programa eleitoral com que se apresentou em 2011, abdicou, assumidamente, de proclamações ideológicas e limitou-se a apresentar “propostas concretas para problemas concretos”, “muito focadas”, pedindo aos eleitores que posicionassem o seu voto, não em função do ideário do partido, mas da concordância ou não com esse conjunto de propostas. “Muito focadas”. 

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O líder mais longevo e mais bem sucedido da história do CDS sempre foi o menos preocupado em deixar como herança um tratado de teoria política. Mas podia ter escrito um guia de sobrevivência e pragmatismo partidário num partido que viveu muitos anos no fio da navalha. 

Quando o acusavam de liderar um “partido de um homem só”, dava gás aos críticos internos - se figuras como Filipe Anacoreta Correia não cairam no justo esquecimento partidário, foi porque Portas puxou por eles e pela sua pequeníssima “fação”, dando-lhes até representação parlamentar. Em vez de disfarçar o facto de haver no CDS gente com pensamento quase incompatível, decidiu apresentar isso uma força das forças do partido. Começou a falar do CDS como a casa de “democratas-cristãos, conservadores e liberais” - e até estimulou que cada declinação se organizasse em tendência interna. 

O projeto nunca ganhou tração, mas é possível que tenha traumatizado um certo CDS. O mesmo que, nos últimos dois anos, tudo fez para pôr fim a essa convivência que marcou as últimas duas décadas de vida do partido.

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Uma morte com dois anos. Com o CDS em estado catatónico, desde a noite eleitoral quase não se ouviu qualquer murmúrio dos responsáveis pela condução do partido desde janeiro de 2020, o dia em que Chicão foi entronizado como líder. Como escrevia há dias Francisco Mendes da Silva - que durante anos foi um quadro leal e útil ao CDS, que lhe acrescentou dimensão sem nunca esconder o que pensava - “o CDS não morreu nas legislativas de Janeiro de 2022. O CDS morreu no congresso de Janeiro de 2020”. Nesse conclave, decidiu apostar num líder mirim, com provas dadas a menos e excitação a mais, e - pior do que isso - com o firme propósito de corrigir anos de “desvios de identidade” por parte do CDS. 

Com “desvio de identidade”, Chicão queria dizer moderação, cosmopolitismo e pendor liberal q.b. Aquele CDS, de Paulo Portas e de Assunção Cristas, que não alinhava com as correntes mais reacionárias da sociedade, que não alimentava cruzadas confessionais, e dava destaque a adeptos impenitentes do globalismo e das liberdades individuais, como Adolfo Mesquita Nunes (que até tinha assumido que era gay, imagine-se!), era o CDS que Chicão tencionava enterrar, em nome da moral, dos bons costumes e do combate ao “marxismo ideológico” e à “direita fofinha”.

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O ideólogo do chicãozismo. Desde o início, na confusa coligação que levou Chicão ao poder, destacou-se José Ribeiro e Castro como principal municiador desta vingança do CDS tradicional, conservador, democrata-cristão e alinhado com a agenda da santa madre Igreja. Para sorte nossa, Ribeiro e Castro foi dos poucos que não desapareceram em combate depois da razia de 30 de janeiro. Honra lhe seja feita, o ideólogo do chicãozismo teve a coragem de dar a cara em várias entrevistas (como esta, na CNN Portugal), que ajudam a compreender melhor o que se passou nestes dois anos. Alguns textos que foi publicando ao longo do tempo também esclarecem o caminho seguido. 

Neste texto para o Observador, Ribeiro e Castro teorizou com clareza a necessidade de o CDS excluir quem alinhava com as correntes de pensamento que se desviavam do que considerava ser o caminho justo. A saber: um partido “democrata-cristão”, ou seja, “conservador católico”, conforme insiste nesta entrevista da semana passada. Essa foi, de facto, a única coisa que Chicão tentou oferecer ao eleitorado - um partido ultra-conservador de pendor confessional. Tudo o que fugisse a este rótulo, segundo Ribeiro e Castro, está a mais no CDS. Nomeadamente os liberais. “No CDS, sempre pensei que os liberais deveriam fazer o seu partido.” Foi isso que fizeram, e o CDS encolheu.

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Mas encolheu, também, quando o CDS deixou de ser a casa onde conviviam três famílias, os “democratas-cristãos, os conservadores e os liberais”, como pugnava Portas. O partido da família tradicional deixou-se destas modernices, e Ribeiro e Castro explicou que tinha de ser assim. 

“Os problemas [do CDS] começaram com a afirmação de ‘conservadores’ e 'liberais', não como adjetivos dentro de uma comum identidade, mas como substantivos ao lado da identidade: ‘democratas-cristãos, conservadores e liberais’. O CDS tinha, de início, desvantagens face ao PSD, mas também vantagens: uma era a identidade clara. A partir daquele estribilho, foi-a perdendo: um partido que é três coisas ao mesmo tempo, não é realmente nenhuma.”

“Subtraía, esvaziava”. E foi assim, sendo coisa “nenhuma”, que o CDS de Portas foi duas vezes governo. Mas nem os factos nem a história convenceram o ideólogo do chicãozismo das vantagens da integração, da procura de denominadores comuns ou da convivência de diferentes direitas numa casa comum. “A maioria dentro do CDS fascinou-se, porém, com a pregação do 'apanha-todos', acreditando que somava. Não viu que, no CDS, ia ser ao contrário: subtraía, esvaziava.”

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São curiosos os verbos utilizados por Ribeiro e Castro neste texto de janeiro do ano passado: subtrair e esvaziar. Julgando que estava a descrever o passado, estava, afinal, a escrever o futuro do seu partido. Nunca uma liderança subtraiu e esvaziou o CDS como esta. Ao ponto de não ter sobrado nada, a não ser uma, pelos vistos, impecável coerência ideológica que há de fazer muito proveito a um pequeno partido sem voz nem votos.

Um ano antes de todas estas misérias, Ribeiro e Castro parecia acertar no diagnóstico da difícil situação do CDS: “Reduzido a 4% em 2019, [o CDS] não tem muito para perder.” Subestimou a capacidade de perda. Adiante: “Tendo caído no meio do “triângulo das Bermudas” (PSD, Chega e IL), vê que o tríptico ‘democratas-cristãos, conservadores e liberais’ instalou dentro de si muitos centrifugadores para a IL e o Chega. Estão lá dentro os que chamam para fora.” Também subestimou a capacidade dos que estavam dentro para  empurrar para fora. 

Rodrigues dos Santos não fez outra coisa que não hostilizar aqueles que dele discordavam e apontavam (com alguma razão, como se viu) os riscos que o partido corria com esta liderança e este pensamento. Um bom exemplo foi o que se passou no grupo parlamentar. Tendo na sua curta bancada alguns dos deputados mais notáveis do Parlamento que agora se despede, Chicão foi-lhes permanentemente hostil, apostado em tirá-los de cena, para que não o ofuscassem e para que não recordassem ao eleitorado que, sim, outro CDS era possível.

“Património”. Castro queixa-se agora da “intifada” a que este direção foi sujeita. Parece Rui Rio a queixar-se do partido que lhe calhou em sorte. Esperavam, talvez, que todo o partido assistisse impávido e sereno ao suicídio coletivo. E nunca perceberam por que razão tanta gente nestes partidos resistiu durante tanto tempo.

“Creio que este património doutrinário, que é o que define o CDS, tem estrada para andar e para percorrer”, concluía Ribeiro e Castro sobre o futuro do CDS, na entrevista que deu na semana passada ao DN e TSF. Por “este património doutrinário”, refere-se à parte do património que a liderança cessante não atirou borda fora ao mesmo tempo que expelia militantes que foram fazer a força de outros partidos. O CDS pode ter-se reduzido a 86.578 eleitores, mas apresenta-se fortíssimo no património doutrinário. São poucos, mas bons. Há aqui uma lição que o PSD terá alguma vantagem em aprender.

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