Foi a 3 de setembro de 2000 que muitas famílias se sentaram à frente do pequeno ecrã para assistir ao primeiro formato português do reality show que nasceu nos Países Baixos. Um conceito nunca antes explorado no país, mas que deu início a um longo percurso de vitórias naquela que é a lista de programas mais vistos na história da televisão portuguesa. A gargalhada e os famosos trocadilhos de Teresa Guilherme ainda ecoam em muitos portugueses, que passavam meses a consumir o dia a dia de um grupo de pessoas "reais" confinadas numa casa.
Até à quarta edição, era nos estúdios da TVI, na Venda do Pinheiro, o local onde os concorrentes ficavam alojados, até as instalações mudarem para uma mansão na Ericeira, já na quinta edição, em 2020 - após um hiato de 17 anos. Regressaram a Mafra um ano depois, desta vez na Malveira, onde foi desenhada uma casa exclusivamente para o programa.
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Sete Big Brother's regulares, um "Big Brother - A Revolução", quatro "Big Brother Famosos", um "Big Brother Vip", um "Big Brother - Duplo Impacto" e, por fim, "Big Brother - Desafio Final": já se somam 15 edições e, este domingo à noite, as portas da "casa mais vigiada do país" voltam a abrir-se aos comandos de "Big" e de Cristina Ferreira, pela segunda vez. Antes, durante a tarde, vai ser possível espreitar as instalações durante a emissão do "Somos Portugal", com Mafalda Castro a dar a conhecer alguns detalhes da casa.
Mas como é, afinal, produzido um programa desta envergadura? A Endemol Portugal - empresa responsável pela sua concretização, em linha com o formato internacional - e a TVI destacam várias etapas:
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Cada temporada começa a ser preparada meses antes da sua estreia. Por exemplo, a nova edição começou a ser desenvolvida quando a última ainda estava no ar, e esta primeira fase envolve algumas dezenas de pessoas. Passa por decidir o conceito dos conteúdos que vão ser trabalhados, pensar em ideias para as dinâmicas do programa e desenhar as alterações que serão feitas à casa, incluindo uma nova decoração. "Tudo começa com o desenvolvimento do conceito para a temporada, e a partir daí constrói-se tudo o resto", diz uma fonte oficial da produtora.
Após ser definido o perfil dos concorrentes que irão viver na mansão durante mais de 100 dias, a abertura das candidaturas é divulgada online, implicando a realização de um questionário e a submissão de algumas fotografias da pessoa. Posteriormente é feita a seleção para os castings presenciais intermédios na TVI, nos quais os participantes terão de ser bem sucedidos para alcançarem o casting final, que conta com a presença de elementos da Endemol. São submetidos a exames médicos e a uma avaliação psicológica, antes de ser selecionado, oficialmente, o grupo.
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Pleaneamento feito, segue-se o desenvolvimento dos conteúdos inicialmente pensados para os episódios diários e as galas de domingo, sobretudo aquela que irá inaugurar a nova edição do programa. Também começam a ser efetuadas as obras na casa, onde são instalados cerca de 70 microfones, 82 câmaras, 50 quilómetros de cabos e 40 monitores.
Os ensaios ocorrem no dia da própria gala e são feitos sem os concorrentes. O objetivo, esclarece a Endemol, é antecipar o que se vai passar para se evitarem falhas. Os concorrentes são surpreendidos no direto. "A magia é sabermos que existe uma possibilidade real de algo inesperado acontecer, mas também termos a certeza que contamos com o profissionalismo e a experiência de uma grande equipa para minimizar este risco ao mínimo", conclui.
Os ajustes finais antes do grande dia passam por garantir que as condições técnicas estão reunidas, que os concorrentes estão motivados e animados com a experiência e confirmar que as necessidades de produção estão asseguradas para o direto decorrer como está previsto.
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Finalmente, o programa vai para o ar e os concorrentes entram. Está nas suas mãos conquistarem os bens para o dia-a-dia, através das tarefas e provas semanais que lhes são indicadas. "Esse é um ponto fulcral do formato, todos têm de se esforçar para o bem comum", explica a produtora. Contudo, se surgirem necessidades inesperadas, assegura que a produção está preparada para resolver essas situações de forma a garantir o bem-estar dos concorrentes. Isto, sem nunca comunicarem com o exterior.
Há mais de uma centena de pessoas envolvidas, seja no estúdio da Venda do Pinheiro, ou na casa da Malveira, entre equipa técnica, equipa de conteúdos e equipa de produção. O acompanhamento dos concorrentes ao minuto, 24 horas por dia, sete dias por semana, está a cargo de uma vasta equipa da Endemol. "São olhos atentos e preocupados a quem não escapa nada e que prezam, acima de tudo, o bem-estar dos concorrentes", garante a empresa.
Já no decorrer da temporada, uma equipa de produção de conteúdos da TVI recebe da Endemol cerca de 35 a 40 minutos de material audiovisual em pequenos blocos, para serem passados nas redes sociais, bem como no "Última hora", das 18 às 19 horas, no "Diário", das 19 às 20 horas, e no "Extra", da meia-noite às duas da manhã. Também são recebidos relatórios, a cada seis horas, sobre aquilo que acontece no interior da casa. "Se acontece algo de relevante, reagimos imediatamente", afirma Lurdes Guerreiro, diretora de produção nacional da TVI. "Todos nós temos a TVI Reality sempre ligada".
Lurdes Guerreiro brinca ainda com as potencialidades dos fãs, descrevendo-os como as "centenas de redatores a quem não pagamos salários, e que se movimentam nas redes sociais para escrever ao minuto".
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