Esta quinta-feira, num movimento histórico, a entidade liderada por Christine Lagarde decidiu aumentar a taxa diretora em 0,75 pontos, depois de em julho, no mesmo movimento de subida, o ter feito em meio ponto percentual. Em menos de dois meses a principal taxa diretora do BCE passou de zero para 1,25%. Mas a presidente do BCE não deixou margem para dúvidas: os juros vão continuar a subir nas próximas reuniões.
"Tomámos a decisão de que iríamos continuar a aumentar as taxas de juros porque acreditamos que estão longe da taxa em que esperamos ver a inflação retornar à meta de 2% de médio prazo", disse Lagarde na habitual conferência de imprensa após a reunião.
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E a distância é, de facto, enorme, como fez notar a líder do BCE. Em agosto os preços na zona euro subiram 9,1% face ao mesmo mês do ano passado.
Mas no mesmo dia em que anunciou a subida de juros, o BCE também apresentou novas previsões económicas. E as notícias, mais uma vez, não são boas.
A previsão da taxa de inflação para a zona euro que em junho tinha sido fixada em 6,8% este ano foram agora revistas em alta e aponta para uma subida média de preços de 8,1%. A revisão em alta acontece também em 2023 e 2024 e mesmo neste último ano de projeções, o melhor que o BCE consegue antecipar é uma inflação de 2,3%. Ou seja, ainda acima do objetivo médio de longo prazo.
Não desce, para já, a taxa de inflação, mas abranda, e muito, o ritmo de crescimento económico.
"Após uma retoma no primeiro semestre de 2022, dados recentes apontam para um abrandamento substancial do crescimento económico da área do euro, esperando-se uma estagnação da economia na parte final do ano e no primeiro trimestre de 2023", assinala o banco central num comunicado divulgado após a reunião de política monetária.
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Os números apresentados pelo BCE não deixam margem para dúvidas. A entidade monetária da zona euro ainda revê em alta a taxa de crescimento para 2022 de 2,8% para 3,1%, mas em 2023 o abrandamento é forte, com a economia a crescer apenas 0,9%. No ano seguinte haverá alguma recuperação e o crescimento atinge 1,9%.
Mas este é o cenário central do BCE, depois há um cenário adverso para o caso de a guerra na Ucrânia e os seus efeitos económicos se prolongarem por muito mais tempo.
Neste cenário, a zona euro entraria em recessão no próximo ano, com a economia a recuar 0,9% e a taxa de inflação manter-se-ia elevada com os preços a subirem a um ritmo de 6,9%.
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