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O filme mais aguardado de ficção científica tem de arrecadar mais de 2 mil milhões de dólares só para cobrir custos. Possivelmente, o "pior negócio da história"

“Avatar: O Caminho da Água” tem uma missão complicada em mãos.

O filme mais aguardado de ficção científica de James Cameron, que se estreia a 16 de dezembro, tem de faturar mais de 2 mil milhões de dólares (cerca de dois mil milhões de euros) a nível global só para cobrir os custos. Isto segundo o próprio James Cameron, que disse à GQ durante uma reportagem publicada esta semana que o filme é muito caro e possivelmente foi o “pior negócio da história do cinema”.

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“Tem de ser o terceiro ou quarto filme mais lucrativo da história. É esse o nosso patamar. É assim que cobriremos os custos”, explicou Cameron à revista.

A estreia da sequela surge também numa altura importante para a Disney, com o regresso de Bob Iger ao trono do Reino Mágico. O filme será o primeiro grande lançamento da Disney desde o seu regresso como CEO. E vale a pena notar que, embora o filme tenha sido requisitado antes de a Disney ter adquirido a 20th Century Fox, Iger era diretor-executivo na Disney durante grande parte do desenvolvimento do filme. Ou seja, o desempenho de “Avatar” vai refletir-se de certa forma sobre ele.

No entanto, uma parte significativa da probabilidade de o filme conseguir arrecadar os 2 mil milhões na bilheteira depende do público e da sua vontade de abrir a carteira e pagar mais pelo que está a ser publicitado como uma “experiência cinematográfica imersiva em 3D”.

Quando o primeiro “Avatar” se estreou há quase 13 anos, as pessoas encheram os cinemas na esperança de ver um filme em 3D deslumbrante, com direito aos óculos e tudo o resto. Foi o auge da loucura dos filmes em 3D.

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Nessa altura, lembrar-se-ão de que o 3D era considerado o futuro do cinema e “Avatar” foi o filme que deu início a uma nova era mágica da narração de histórias no grande ecrã. Aproximadamente 80% do lucro bruto do filme foi proveniente de exibições em 3D. “Avatar” tornou-se o filme mais grandioso de todos os tempos, arrecadando quase 3 mil milhões de dólares. Foi um sucesso esmagador, James Cameron foi mais uma vez elogiado e as dispendiosas sequelas foram confirmadas.

Mas a era dos filmes em 3D, onde era inovador fazer tudo e mais alguma coisa com o formato, já desapareceu há muito, uma vez que o conceito perdeu o seu encanto. As vendas de filmes 3D nas bilheteiras estão a cair e já não são o que eram há algum tempo. Desde que o formato explodiu em popularidade, por volta da altura em que o primeiro “Avatar” se estreou, o número de filmes lançados em 3D tem vindo a diminuir.

Ou seja, o facto de “Avatar: O Caminho da Água” depender tanto do formato 3D é um grande risco para James Cameron e para a Disney. “É uma grande aposta”, disse Shawn Robbins, analista.chefe da Boxoffice Pro. “A sequela”, diz ele, “é um dos filmes mais difíceis de prever em termos de sucesso, em grande parte devido a esse elemento 3D”.

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Embora no passado o formato fosse atrativo para o público, os filmes 3D também permitiam aos estúdios ganhar algum dinheiro extra, pois os bilhetes eram vendidos a um preço mais elevado.

O primeiro “Avatar” beneficiou de uma mistura entre o magnetismo de um espetáculo em 3D e a inflação dos preços dos bilhetes. Consequentemente, é bastante evidente que Cameron e a Disney esperam voltar a beneficiar disso. “Experiencie o filme em 3D”, apelava um novo trailer do filme durante o Monday Night Football. O site oficial do filme também recomenda que o público o veja “em 3D”.

“Vai ser predominantemente em 3D e essa é uma grande aposta”, disse Robbins, salientando que a maioria das salas apresentará o filme nesse formato. “Mas James Cameron já ganhou grandes apostas. Por isso, aprendi a não duvidar dele.”

O próprio Cameron deixou claro que não desistiu do formato. Antes do lançamento da sequela, insistiu na ideia de que este estilo de cinema “ainda não acabou”, embora parecesse reconhecer que o entusiasmo em ver filmes apresentados neste formato tinha desaparecido.

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“É apenas mais uma opção, quando vão ao cinema, ver um grande filme de sucesso como este... Simplesmente gosto de colori-lo com este formato”, disse Cameron durante uma conferência, em setembro.

“Quando os filmes a cores saíram pela primeira vez, foi um grande acontecimento. As pessoas iam ver filmes porque eram a cores. Penso que na altura do ‘Avatar’ as pessoas costumavam ir ver filmes porque estavam em 3D… Isso teve um impacto na forma como os filmes eram apresentados e que agora é aceite e faz parte do espírito da época."

A questão, claro, é se o 3D faz de facto “parte do espírito da época”. As estatísticas de bilheteira e o número cada vez menor de filmes lançados em 3D sugerem o contrário.

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