António Costa é a capa da revista Politico desta semana e, no longo artigo sobre o seu papel como primeiro-ministro, a questão que fica é se político português vai conseguir "limpar o nome" para liderar o Conselho Europeu.
O primeiro-ministro demissionário, que saiu do Governo a 7 de novembro no meio do furacão da Operação Influencer, fala à revista na residência oficial - que "foi alvo de buscas em novembro" por Costa ser suspeito de uma coisa que "nem sequer" sabe.
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"Nem sequer sei de que é que sou suspeito porque isso nunca foi dito explicitamente. Ninguém falou comigo sobre este assunto, as únicas coisas que sei são o que toda a gente sabe", afirma Costa, referindo-se às fugas de informação publicadas na imprensa.
Has António Costa struck his last deal? Portugal's problem-solving prime minister faces his greatest challenge ever: Clearing his name in time to become president of the European Council. #TomorrowsPapersTodaypic.twitter.com/nIBe0yctpG
— POLITICOEurope (@POLITICOEurope) March 6, 2024
E terão sido essas buscas o golpe na popularidade de Costa na corrida a presidente do Conselho Europeu, ele que era um dos favoritos a substituir Charles Michel? Os socialistas europeus queriam escolher alguém que não trouxesse problemas, uma vez que os dois mandatos do belga foram marcados por controvérsias, mas o facto de Costa estar envolvido na Operação Influencer pareceu prejudicar a sua candidatura.
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A Politico escreve que o "candidato ideal é agora alguém que não use o cargo como trampolim para as suas ambições pessoais mas que, em vez disso, se limite à agenda e se concentre em estabelecer compromissos - tudo coisas que o primeiro-ministro português é conhecido por fazer bem". "Poucos em Bruxelas argumentariam que Costa não tem as qualidades necessárias para o cargo, mas começa-se a perceber que virá com um camião cheio de bagagem."
À revista, diplomatas europeus garantiram que, embora Costa continue a ser a escolha favorita do presidente francês, Emmanuel Macron, e do chanceler alemão, Olaf Scholz, outros líderes repensaram o apoio a uma possível candidatura pela sua ligação à operação Influencer.
"Alguns deles dizem que a absolvição de Costa não será suficiente, as pessoas que o rodeiam também têm de ser ilibadas, para dissipar qualquer tipo de suspeita", afirma um dos diplomatas.
Costa confianteApesar dos diplomatas acharem que que "a absolvição de Costa não será suficiente", o político português está confiante de que acabará por ser ilibado das suspeita, apesar de reconhecer que o sistema judicial português é lento e isso pode demorar.
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"Não sei quantos capítulos terá esta história em particular. Mas estou certo de que o último envolverá o reconhecimento de que não fiz nada de ilegal, que não testemunhei nada de ilegal e que não houve nada de censurável no meu envolvimento em qualquer um destes processos", afirma António Costa à revista.
Mas não é o único a dar declarações à Politico. Um alto funcionário português que trabalhou durante anos com Costa prestou declarações de forma anónima e garantiu que o socialista "é movido por objetivos". "Está sempre à procura de soluções criativas... Incluindo algumas que, por vezes, são demasiado criativas."
Também Marques Mendes, que trabalhou com Costa durante vários anos, afirma que "este caso é uma pena" e que não acredita "que o primeiro-ministro venha a ser acusado, mas se a investigação ainda estiver em curso quando chegar a altura de fazer a escolha não creio que possa ocupar esse lugar" de presidente do Conselho Europeu.
"Ter Costa como presidente do Conselho Europeu seria uma honra para Portugal e ter um eurófilo tão óbvio no cargo seria bom para a Europa. Toda a gente sabe que ele quer o cargo e tem capacidade negocial para fazer acordos entre a esquerda e a direita", afirma ainda Marques Mendes.
O Político escreve mesmo que "poucos em Lisboa acreditam que o próprio Costa seja corrupto: a reputação pessoal do líder socialista manteve-se imaculada durante três décadas em funções executivas no Governo português".
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