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Marcelo salienta que Costa é “solução ideal” para liderar Conselho Europeu já há muito tempo

Segundo o Presidente da República, na lógica de partilha de altos cargos na União Europeia, para ocupar o lugar de presidente do Conselho Europeu, a escolha teria necessariamente que recair “num socialista aceite pelos conservadores, pelos liberais e, também, pela direita mais radical”

O Presidente da República considerou esta sexta-feira “espantoso” que António Costa seja há muitos anos a “solução ideal” para desempenhar as funções de presidente do Conselho Europeu, destacando a capacidade de “coser entendimentos” do anterior primeiro-ministro.

Esta posição foi transmitida por Marcelo Rebelo de Sousa no Centro Cultural de Belém, no final da atribuição dos prémios de investigação José Manuel de Mello de 2024, depois de questionado sobre a eleição do ex-primeiro-ministro português António Costa, na quinta-feira à noite, pelos chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE), para o cargo de presidente do Conselho Europeu.

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Segundo o Presidente da República, na lógica de partilha de altos cargos na União Europeia, para ocupar o lugar de presidente do Conselho Europeu, a escolha teria necessariamente que recair “num socialista aceite pelos conservadores, pelos liberais e, também, pela direita mais radical”.

“Teria de ser alguém com boas relações no mundo e com a capacidade de conhecimento de dossiês que dá o de ser dos primeiros-ministros mais antigos em funções. Ora, isso ou se tem ou não se tem [essas características]. E ele tinha e, portanto, era a solução ideal”, sustentou.

Mas o mais “espantoso”, na perspetiva de Marcelo Rebelo de Sousa, foi o facto de António Costa ter sido “a solução ideal durante tanto tempo”.

“Isso foi visível durante muito tempo, até hoje”, reforçou, mas sem aprofundar este ponto.

Quando o anterior Governo socialista, de maioria absoluta, tomou posse em abril de 2022, o Presidente da República advertiu logo nesse primeiro dia que, se o primeiro-ministro, António Costa, saísse para um cargo europeu, antes de se concluir essa legislatura em 2026, poderia dissolver o parlamento e convocar eleições antecipadas.

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Isso não aconteceu, mas Marcelo Rebelo de Sousa convocou eleições antecipadas após António Costa se ter demitido das funções de primeiro-ministro em 07 de novembro do ano passado, após a Procuradoria Geral da República o ter envolvido na investigação do processo denominado Operação Influencer.

De acordo com o Presidente da República, ao longo dos últimos nove anos, António Costa “não só teve magníficas relações com os responsáveis executivos da Comissão, Conselho e do Parlamento Europeu, como conseguiu em muitos casos coser entendimentos entre países que, à partida, tinham posições muito diferentes”.

“Nesse sentido, a escolha de António Costa é muito boa para a Europa, porque a Europa precisa disso agora. Precisa de se manter unida em relação à Ucrânia, de recuperar economicamente, de aprovar as perspetivas financeiras para os próximos anos, de acompanhar a execução dos programas de Recuperação e Resiliência e dos fundos até 2030, assim como de tratar com as relações com o mundo e de acompanhar os resultados das eleições nos Estados Unidos para garantir que não há uma guerra económica”, apontou Marcelo Rebelo de Sousa.

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O chefe de Estado assinalou ainda desafios como o das alterações climáticas, o pacto para o asilo e a aplicação da lei sobre inteligência artificial.

“Portanto, os desafios da Europa exigem uma sensibilidade de diálogo, de compreensão e de ajustamento que tem o futuro presidente do Conselho Europeu, António Costa”, advogou o Presidente da República.

António Costa terá um mandato de dois anos e meio a partir de 01 de dezembro, será o primeiro português e o primeiro socialista à frente do Conselho Europeu e vai suceder ao belga Charles Michel, no cargo desde 2019.

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