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"Em pleno inverno, é muito provável que Putin cancele completamente as exportações de gás para a Europa", avisa ministro da Economia

Costa e Silva diz que a não existência de uma política comum para a energia é um "erro estratégico" da Europa e descarta qualquer conflito com o ministro das Finanças

O ministro da Economia defendeu, em entrevista ao jornal espanhol El País, que a Europa não estaria a enfrentar uma crise energética se houvesse um mercado único europeu neste setor.

Questionado sobre a oposição francesa à construção de um terceiro gasoduto que ligue a Península Ibérica ao resto da Europa, António Costa e Silva referiu que França “estava habituada a exportar energia”, mas que, em consequência da seca e do baixo caudal dos rios, se tornou importadora, dada a impossibilidade de refrigeração das centrais nucleares, as principais fontes de energia do país.

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“A Europa tem de mostrar solidariedade, neste momento também eles estão a importar energia. Para termos uma União resiliente é necessário criar um mercado único de energia, construir interconexões e diversificar as fontes de abastecimento. Se isto tivesse sido feito mais cedo, a Europa não estaria nesta situação. Trata-se de um grande erro estratégico”, considerou Costa e Silva.

O ministro descartou, para já, um cenário de recessão económica para Portugal, preferindo falar num “abrandamento”, mas mostrou-se preocupado com a recessão prevista para a Alemanha, que diz ser o “motor da Europa”.

“A curto prazo, o que estamos a discutir com a Alemanha, Polónia e os países bálticos é a possibilidade de converter Sines, o nosso grande porto de águas profundas, num centro de receção de gás natural liquefeito para o transbordo de grandes navios para navios mais pequenos para o norte da Europa. Isto poderia cobrir parte da escassez da Alemanha e poderia estar disponível dentro de alguns meses”, afirmou.

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Sobre o que esperar do próximo inverno, Costa e Silva respondeu que não está "alarmado", mas alertou que "nunca podemos subestimar a amplitude da estupidez humana", referindo-se à guerra. "Em pleno inverno, é muito provável que Putin cancele completamente as exportações de gás para a Europa", acrescentou.

No plano interno, Costa e Silva recusou comentar se há algum conflito com o ministro das Finanças a propósito da carga fiscal das empresas. “Não vou comentar mais nada. Já expressei a minha posição. Penso que não há discordância. A minha preocupação é com a economia. Temos de conciliar uma política económica eficaz com uma política fiscal equilibrada”, disse, defendendo também a política das “contas certas”.

“Defendo a continuidade da política de ‘contas certas’ e a consolidação orçamental porque o país não pode esquecer as lições do passado. Há dez anos, quando tivemos a grande crise, a economia estava em recessão e a dívida pública ainda estava a crescer muito. Estes dois fatores, combinados, foram letais para o país com a intervenção da troika, que foi seguida por um grande sofrimento do povo português. As variáveis macroeconómicas de hoje contrastam com aquelas”, explicou o governante.

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