André Ventura traça novos cenários eleitorais. E, em entrevista ao jornalista Anselmo Crespo para a CNN Portugal, revela que não apresentará moções de rejeição a um governo AD. Mas também diz que a direita governará se tiver maioria absoluta, "com ou sem Luís Montenegro".
Vejamos esse excerto da entrevista (que pode ver ou rever na íntegra no vídeo em cima):
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André Ventura - ... Eu tenho quase 99% de garantia, 99%, e isto é muito, de que se houver uma maioria à direita, haverá um governo de direita. E eu tenho dito isto aos eleitores…
Anselmo Crespo - Com ou sem Luís Montenegro? - Com ou sem Luís Montenegro. Haverá. E eu tenho essa garantia. E portanto…
Tem essa garantia de quem? Isso não, não, não…
Do PSD? … não posso revelar isso, mas tenho a garantia e confiança de que isso acontecerá. E também lhe digo uma coisa: era totalmente irresponsável que isso não acontecesse.
André, desculpe, mas sou jornalista e tenho mesmo de lhe perguntar: se tem essa garantia, e se o líder do PSD se chama Luís Montenegro, é porque Luís Montenegro lhe deu a garantia, ou alguém próximo dele, de que se houver uma maioria de direita, haverá uma maioria de direita com o Chega. [Interrompendo] Porque sei que as forças do PSD não deixariam que o PS governasse.
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Isso são outras coisas. É a mesma coisa, porque quem manda são essas forças. E portanto tenho a garantia total de que haverá um governo de direita se tivermos uma maioria à direita. E ninguém compreenderia se não fosse assim.
Portanto, acha que se Luís Montenegro não quiser entender-se com o Chega… … haverá outro.
… ele será afastado do partido? Não acho, tenho a certeza. É uma certeza que eu tenho. Absoluta. Portanto, haverá um governo à direita se houver uma maioria à direita. E também não compreenderia que esse cenário não acontecesse. Porque isso então é que seria dar-lhe razão, não a si mas à pergunta, de deixar governar o PS. Sei que isso no vai acontecer, sei que a maioria dos dirigentes do PSD não deixará que isso aconteça. O Presidente da República nunca – na minha perspetiva – aceitaria um governo que fosse instável numa situação já de instabilidade.
É aí que vem Pedro Passos Coelho? Seja quem for. Não vou decidir por outros partidos. Todos sabem a minha preferência – não, a preferência, não o prefiro a Luís Montenegro – sabem a consideração e a amizade que tenho por Pedro Passos Coelho mas não tinha de ser Pedro Passos Coelho, podia ser outro líder que aceitasse… E como lhe digo, pode acontecer que fique o Chega à frente e aí como é que é? Porque há outra pergunta: o PSD viabilizaria um governo que fosse liderado pelo Chega?
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Acho que essa resposta está dada por Luís Montenegro. Mas então, estaríamos na mesma situação. Quem é que governaria?
Este excerto é retirado logo do início da entrevista, em que Ventura também deixa claro que "nunca viabilizarei um governo do PS." Esse é um dos cenários que o líder do Chega não admite, mas o próprio desenha outras possibilidades. Incluindo a de o PS ganhar mas existir uma maioria de direita. "A minha solução, um governo à direita", diz. "É isso que farei". Mas "é preciso ver o que é que o PSD fará nestas circunstâncias. Nem me estou a referir a Luís Montenegro: Montenegro diz que sai, resta saber o que é que o PSD fará enquanto partido. Eu acho que só há uma solução mas não vou estar a decidir por outros partidos. Da minha parte, pegarei no telefone, ligarei aos dois partidos, da Iniciativa Liberal e do PSD, 'olhe, eu acho que temos condições para formar um governo, só não governamos se não quisermos', e é isso que direi."
Há ainda outra variante: "O PS tem mais votos mas é o Chega o partido mais votado à direita, com o PSD e a IL atrás – na última sondagem estávamos a quatro pontos -, farei a mesma coisa. Contactarei os outros líderes para termos uma maioria."
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É então que Anselmo Crespo confronta Ventura com outra possibilidade, a de se repetir o cenário de 2015, em que o PSD e o CDS ganharam as eleições, o Presidente da República (então, Cavaco Silva) convidou a aliança a formar governo mas o programa eleitoral foi chumbado na Assembleia da República, abrindo caminho à formação da "geringonça" de esquerda.
O Chega fará o mesmo? Apresentará - no caso de vitória da AD com maioria de direita mas sem Chega no Governo - uma moção de rejeição? "Não", responde Ventura. “O Chega só o fará se esse for um governo que não combate a corrupção, que não permite o crescimento económico e a diminuição de impostos.”
"Se for um governo AD mas que decida não incluir o Chega, eu terei de pedir respeito pelos 18 ou 20%.."
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