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Ministro do Ambiente recebe carta aberta para "agir" contra as alterações climáticas. "Agora, antes que seja tarde demais"

Uma carta aberta foi entregue ao ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, contra a emergência climática e as consequências graves para a saúde e segurança das pessoas, para o ambiente e economia, concluindo que é urgente criar uma nova política para a natureza

Duas dezenas de organizações e personalidades entregaram esta quinta-feira uma carta aberta ao ministro do Ambiente a pedir ação para fazer face à emergência climática, alertando que está na hora “de Portugal mudar”.

“Acordamos diariamente com notícias alarmantes sobre a emergência climática, com consequências graves para a saúde e a segurança das populações, para o ambiente e a economia, em Portugal e um pouco por todo o mundo, ora provocadas por secas, incêndios e ondas de calor insuportáveis, ora por subidas do nível do mar, chuvas fortes e inundações violentas. Estes fenómenos extremos são essencialmente consequência de más práticas de ordenamento do território e de sobreconsumo”, dizem os subscritores da carta.

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Com o título “Por uma Nova Política para a Natureza”, na carta afirma-se que está na hora de Portugal mudar, de tomar mais e melhores ações adaptativas e de mitigação da emergência climática.

E essa mudança, dizem, tem de ser agora, e não quando a agricultura se tornar inviável devido à desertificação, ou o quando subir o nível da água do mar, quando as cheias chegarem a mais centros urbanos, quando o ar se tornar irrespirável, quando aumentarem as enfermidades do foro respiratório.

“Está na hora de criar uma nova política para a natureza que impeça os ecocídios – destruições com grande impacto no meio ambiente, ou sobreexploração de recursos não renováveis. Agora, antes que seja tarde demais”, afirmam os autores, que terminam a carta com a frase “senhor ministro, aja”.

Assinada por nomes como os professores Viriato Soromenho-Marques ou Maria Amélia Martins-Loução e por diversas associações, a carta refere que setembro foi o mês mais quente de que há registo, que outubro em Portugal as temperaturas estão muito acima do habitual, e que os esforços para impedir o aumento das temperaturas não são suficientes.

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E recordam os alertas para o problema por parte da ONU, de entidades científicas, do Papa Francisco, ou de grupos de jovens, concluindo que é urgente criar uma nova política para a natureza.

E dão numerosos exemplos do que consideram ecocídios, como a destruição de floresta e de reservas de água para construção, o corte sobreiros e outra floresta autóctone, a construção maciça na Comporta, Grândola, ou a contínua expansão da agricultura intensiva no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (estufas), entre vários outros exemplos.

As organizações afirmam que é preciso uma mudança, mas advertem que ela não pode ser a qualquer custo, sendo necessário centrar as políticas na urgente redução dos consumos e não na sua manutenção ou expansão.

“Não é possível continuar a suportar o licenciamento camarário em áreas sensíveis e/ou projetos de ´interesse nacional´ e/ou políticas que apenas agravarão o colapso ambiental em curso e os custos sociais e ambientais que esse colapso acarretará para todos, durante décadas. É criminoso permiti-lo”, alertam.

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