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Afinal, nem todos os alimentos ultraprocessados são maus para saúde

Um estudo apoiado pela Organização Mundial de Saúde revela que alguns alimentos ultraprocessados podem, afinal, ser positivos para a saúde das pessoas

Quem não consegue começar o dia sem cereais ou uma torrada de pão embalado pode por de lado o sentimento de culpa. Segundo um novo estudo, apoiado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), apesar de alguns alimentos altamente processados como produtos à base de carne e bebidas açucaradas, aumentarem o risco de cancro, doenças cardíacas e diabetes, outros como o pão e os cereais atuam no sentido inverso.

Os investigadores do estudo publicado na revista científica The Lancet concluíram ainda que molhos, pastas para barrar e condimentos são prejudiciais à saúde, mas não tanto quanto os produtos de origem animal e refrigerantes.

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Já os doces, sobremesas, refeições instantâneas, salgados e alternativas vegetais aos produtos à base de carne, cujo consumo é habitualmente considerado prejudicial, também “não estão associados ao risco de multimorbidade”, isto é, sofrer de, pelo menos, duas doenças em simultâneo, que encurtam o tempo de vida.

Em suma, os resultados obtidos na investigação indicam que é imprudente e injustificado considerar todos os produtos ultraprocessados como uma ameaça para a saúde, mas não excluem aqueles que podem potenciar problemas cardíacos ou acidentes vasculares cerebrais, quando consumidos em grande quantidade.

“O nosso estudo enfatiza que não é necessário evitar completamente os alimentos ultraprocessados. Em vez disso, o seu consumo deve ser limitado e deve ser dada a preferência por alimentos naturais ou minimamente processados”, diz Heinz Freisling, especialista da Agência Internacional de Pesquisa do Cancro da OMS (IARC), e colaborador no estudo em questão.

“Essas observações sugerem um papel para alguns alimentos ultraprocessados no aparecimento de múltiplas doenças crónicas. Mas também mostram que a suposição comum de que todos estão ligados a eventos adversos à saúde está provavelmente errada", observa Ian Johnson, investigador do instituto britânico Quadram. "O conceito de alimentos ultraprocessados é muito amplo", acrescenta Duane Mellor, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Aston, em Inglaterra.

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Reynalda Cordova, também membro do IARC e da Universidade de Viena, que conduziu a investigação, afirma que o estudo mostra que as pessoas precisam de ter acesso mais fácil a alimentos frescos e menos processados.

De acordo com o The Guardian, a preocupação em torno dos alimentos ultraprocessados foi reforçada pelo facto de 50% a 60% do consumo de energia em alguns países ser proveniente destes produtos, em detrimento de refeições preparadas no momento.

Foi tido em conta o histórico alimentar e de doenças de 266.666 pessoas em sete países europeus. “Descobrimos que um maior consumo de alimentos ultraprocessados estava associado a um maior risco de cancro e doenças cardíacas”, revelam os especialistas. Para a prevenção destes problemas, as pessoas devem substituir alguns produtos na sua dieta por “alimentos semelhantes, mas menos processados”, ou seguir a dieta mediterrânica – baseada na diversidade, produtos locais e da época e predominância de produtos vegetais frescos.

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