Natural vs. Artificial: qual a melhor opção de Árvore de Natal para o clima?

CNN , Rachel Ramirez
6 dez 2021, 15:56
Natural vs. Artificial: Qual a melhor opção de Árvore de Natal para o clima? Foto: franckreporter/E+/Getty Images

Que tipo de árvore tem uma menor pegada de carbono? Dicas para celebrar um Natal sem esquecer as alterações climáticas

Estamos naquela altura do ano em que a maioria dos americanos acaba com os restos do Dia de Ação de Graças e se aventuram na procura das melhores oportunidades da época festiva. Mais importante do que isso, planeiam a peça central da decoração festiva: a Árvore de Natal.

Enquanto alguns se deleitam com o aroma de uma árvore verdadeira e com a alegria de escolher uma numa quinta local, outros preferem a simplicidade das árvores artificiais que podem reutilizar em natais futuros.

Mas os consumidores estão a tornar-se mais conscientes das questões climáticas, e tendo em conta que árvore tem menos impacto no nosso planeta cada vez mais quente, essa tornou-se uma parte vital da decisão da época festiva. Além disso, optar por uma árvore amiga do planeta pode colocar-vos na lista prioritária do Pai Natal.

Então, que tipo de árvore tem a menor pegada de carbono – uma árvore natural ou uma de plástico, comprada numa loja? Segundo os peritos, é complicado.
"É uma questão mais complexa do que seria de esperar, sem dúvida," afirmou à CNN Andy Finton, diretor de conservação paisagística e ecologista florestal para a Nature Conservancy em Massachusetts.

Fizemos uma lista – e verificámo-la duas vezes – das coisas a saber antes de decidir entre verdadeira e artificial.

O argumento das árvores artificiais

Árvores de Natal à venda numa loja em Chicago, Illinois, em novembro de 2020. Foto: Christopher Dilts/Bloomber/Getty Images

É fácil imaginar que reutilizar uma árvore artificial ano após ano é a opção mais sustentável. Mas Finton diz que se uma árvore artificial for utilizada por seis anos – a média de tempo em que as pessoas as guardam – "o custo carbónico é mais elevado, sem dúvida," do que numa árvore natural.

"Se as árvores artificiais forem utilizadas durante mais tempo, esse equilíbrio muda", disse Finton à CNN. "E li que iria demorar 20 anos até que o equilíbrio carbónico seja mais ou menos equivalente."

Isso porque as árvores artificiais são normalmente feitas de plástico de cloreto de polivinilo, ou PVC. O plástico é à base de petróleo e é produzido em instalações petroquímicas altamente poluentes. Há estudos que associam o plástico PVC ao cancro e a outros riscos ambientais e de saúde pública.

Depois há o aspeto do transporte. Segundo o Departamento de Comércio dos EUA, a maioria das árvores de Natal artificiais são importadas da China para os Estados Unidos, o que significa que os produtos são transportados em navios movidos a combustíveis fósseis pelo Oceano Pacífico, depois carregados para camiões pesados até serem colocados nas prateleiras dos distribuidores ou nas casas dos consumidores.

A American Christmas Tree Association, uma associação sem fins lucrativos que representa os fabricantes de árvores artificiais encomendou um estudo à WAP Sustainability Consulting, em 2018, que descobriu que o impacto ambiental de uma árvore artificial é menor do que o de uma árvore verdadeira, se utilizarmos a artificial durante, pelo menos, cinco anos.

"As árvores artificiais foram alvo de estudo em fatores como o fabrico e transporte do estrangeiro", disse à CNN Jami Warner, diretor-executivo da ACTA. "A plantação, fertilização e rega foram tidas em conta para as árvores verdadeiras, que têm um período de cultivo de entre sete a oito anos."

Quais os benefícios das árvores verdadeiras?

Equipas no terreno cortam e embalam árvores de Natal e colocam em camiões na Noble Mountain Tree Farm em Salem, no Oregon, em 2020. Foto: Nathan Howard/Getty Images

A Noble Mountain é uma das maiores quintas de cultivo de árvores de Natal do mundo, produzindo cerca de 500 mil árvores por época natalícia.

Demora sete anos, em média, para cultivar por inteiro uma árvore de Natal, segundo a National Christmas Tree Association. E, enquanto cresce, absorve dióxido de carbono do ar. Proteger florestas e plantar árvores pode ajudar a evitar os piores impactos da crise climática ao remover da atmosfera o gás que aquece o ambiente.

Se as árvores forem cortadas ou queimadas, podem libertar o carbono que têm armazenado para a atmosfera. Mas Doug Hundley, porta-voz da National Christmas Tree Association, que defende as árvores verdadeiras, diz que o ato de cortar árvores de Natal numa quinta é equilibrado quando os agricultores plantam imediatamente mais sementes para as substituir.

"Quando cortamos as árvores, somos muito rápidos a voltar a plantar", afirmou Hundley.

Se a ideia de andar pela floresta em busca da árvore perfeita é intrigante, pode adquirir uma licença no Serviço Florestal dos EUA, que encoraja as pessoas a cortarem a sua própria árvore em vez de comprarem uma artificial. Segundo o Recreation.gov, cortar árvores finas em áreas densas pode melhorar a saúde da floresta.

Mas Finton não recomenda armar-se em Clark Griswold e cortar uma árvore enorme para levar para casa – sobretudo se for numa área em que não tem licença para tal. Recomenda que, em vez disso, adquira uma árvore numa quinta local.

"Para mim, o benefício de ir a uma quinta de árvores de Natal, que é diferente de cortar uma árvore na floresta, é que concentra o impacto de remover árvores num local", afirmou. "E dá aos agricultores a responsabilidade de regenerar essas árvores."

Também há um benefício económico ao optar pelas naturais, visto que a maioria das árvores que as pessoas compram são cultivadas em quintas da vizinhança. Cerca de 15 mil quintas produzem árvores de Natal, só nos Estados Unidos, e dão emprego a mais de 100 mil pessoas, a tempo parcial ou inteiro, segundo a National Christmas Tree Association.

"Ao comprarmos uma árvore de Natal natural estamos a apoiar as economias locais, as comunidades locais, os agricultores locais e, para mim, essa é a parte principal da questão da conservação", disse Finton. "Quando um arboricultor consegue colher benefícios da sua terra, é menos provável que a venda para construção e menos provável que a converta para outras utilizações.

A eliminação importa

Trabalhadores municipais trituram árvores de Natal da época passada num triturador de madeira num parque comunitário em Warminster, Pensilvânia, em fevereiro de 2019. Foto: Bastiaan Slabbers/NurPhoto/Getty Images


As árvores acumulam-se nos passeios depois da época festiva e o destino final, em muitos locais, são os aterros, onde contribuem para emissões de metano – um poderoso gás de efeito de estufa – quase 80 vezes mais potente do que o dióxido de carbono.

"Não é nada aconselhável as árvores de Natal verdadeiras acabarem nos aterros," afirmou Hundley, acrescentando que tem de haver "áreas separadas para resíduos de jardim onde possam ser colocadas as árvores de Natal.

Mas algumas vilas e cidades reutilizam as árvores para beneficiar o clima e o ambiente. Em Nova Iorque, as árvores deixadas no passeio durante um certo período de tempo são recolhidas para serem recicladas ou para compostagem. O departamento sanitário municipal também acolhe uma iniciativa chamada MulchFest, em que os residentes podem trazer as árvores para serem trituradas para fertilizante e utilizadas para nutrir outras árvores pela cidade.

"Quando a árvore já não tem utilidade para família, é muito fácil e comum, na América, triturar a árvore para fertilizante e isso é carbono armazenado a ser devolvido ao solo," acrescentou Hundley.

Finton também diz que as árvores de Natal antigas podem ser reutilizadas para restauração de habitação, podem ajudar a controlar a erosão, se forem colocadas junto a riachos e margens de rios, e até podem ajudar a melhorar os habitats subaquáticos, se forem colocadas em rios e lagos.

O final de vida para uma árvore artificial é muito diferente. Acabam em aterros – onde podem levar centenas de anos a decompor-se – ou incineradoras, onde libertam químicos tóxicos.

A conclusão

Tendo em conta os complicados prós e contras no que diz respeito ao clima, as árvores de Natal verdadeiras têm vantagem. Mas se vai decorar a sua casa artificialmente, adquira uma árvore que adore e que reutilize durante muitos anos.

Seja como for, afirmou Finton, as pessoas devem sentir-se bem com a sua decisão e arranjar outras formas de combater a crise climática.

"É um debate, mas assim que tomamos uma decisão, devemos sentir-nos bem com ela porque há muitas outras coisas que podemos fazer, nas nossas vidas, que têm um impacto ainda maior no clima – tal como conduzir menos ou defender políticas que expandam as energias renováveis", afirmou Finton.

"Desfrutem da época festiva e concentrem-se noutros aspetos da vossa vida para reduzir os impactos das alterações climáticas."

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