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Comentadora CNN

O mundo precisa do feminismo - mais do que nunca

8 mar 2023, 09:18

Políticas feministas, sejam operadas por homens ou mulheres, são essenciais para vencer os problemas que enfrentamos

Feminicídio, violência sexual, assédio, desigualdade salarial, perda de direitos importantes como o aborto, pobreza extrema, falta de divisão de tarefas domésticas que levam à exaustão física e mental. Nessa lista, que é muito maior, o machismo da sociedade ainda está na base dos problemas. A maneira de resolver varia conforme cada situação, mas todos têm a política como a grande arma para mudança.

A pandemia, a guerra na Ucrânia, a tomada do poder pelo Talibã no Afeganistão, as políticas conservadoras nos governos Trump e Bolsonaro, para citar alguns exemplos, reafirmam a importância de políticas com foco nas mulheres. O primeiro passo, é reconhecer que os problemas existem, algo que é ignorado por muitos. Pior, algumas destas graves situações são ironizadas, como o ex-presidente brasileiro fez com o feminicídio, classificando como “mimimi”.

Já fui da opinião que apenas ter mulheres na política seria a solução. Hoje, continuo reafirmando que a paridade na política é importante, principalmente por uma questão de representatividade para as gerações, mas, por si só não basta. Se as ações não forem feministas, não adianta termos mulheres em cargos de decisão. 

Podemos ver alguns exemplos brasileiros. A ex-ministra da Família, Damares Alves, tentou impedir o aborto em uma criança de 11 anos, vítima de estupro. Ou o fato de a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro ser cotada para a presidência em 2026. Certamente não seria a maior das feministas no comando do país e estaria mais para um The Handmaid's Tale tropical.

Agora, a perspectiva contrária. Muitos são os homens aliados do feminismo e precisam ser bem-vindos na luta. Aliás, eles são necessários, já que os homens escutam mais os seus pares do que uma mulher. A Espanha, que tem um presidente do governo Pedro Sanchéz e paridade ministerial, está na vanguarda de importantes políticas feministas. Isso prova que o poder da mudança não está somente no gênero, mas nas ações. É preciso que, da esquerda à direita, as políticas sejam efetivas para salvar a vida das mulheres e cortar pela raiz o machismo.

Sabemos que não é fácil, aliás, é quase utópico, se pensarmos na imensidão do planeta e no grau de problemas que as mulheres enfrentam em cada parte do mundo. Em uma perspectiva realista, a educação desde cedo para a igualdade é poderosa a longo prazo. Escolas e famílias possuem o poder de ensinar o básico, sobre a divisão de tarefas, a não-violência e o respeito ao corpo alheio.

Os governos devem ter como missão combater os problemas que enfrentamos, eliminando a interferência da igreja e de culturas retrógradas. Eleger representantes que tenham compromisso com as políticas feministas é sinônimo de progresso, de empatia e, acima de tudo, uma chance de salvar vidas de mulheres vítimas do machismo que mata a cada minuto. 

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o mundo levará 300 anos para reduzir a desigualdade de gênero. Não estaremos aqui para ver, mas podemos lutar agora para que esse tempo diminua e que as futuras gerações, principalmente de meninas, sejam livres e vivam em um mundo mais igualitário do que vivemos hoje.

* Amanda Lima escreve a sua opinião em Português do Brasil

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