"Nunca disse que José Sócrates tinha de provar a sua inocência", afirma o PGR. Que quer averiguação a Montenegro concluída antes das férias

CNN Portugal , (atualizado às 13:49)
4 jul, 13:37
O Procurador-geral da República, Amadeu Guerra (Lusa/ Rodrigo Antunes)

Procurador-geral da República considera que as suas declarações sobre o ex-primeiro-ministro foram mal interpretadas

Amadeu Guerra, procurador-geral da República (PGR), afirmou esta sexta-feira que as suas declarações foram mal "interpretadas": "Eu nunca disse que José Sócrates tinha de provar a sua inocência. Eu nunca disse isso", defendeu após ser questionado pelos jornalistas durante uma visita ao tribunal de Almada, esta sexta-feira.

Esta sexta-feira, Amadeu Guerra garante que nunca disse que o ex-primeiro-ministro tinha de provar a sua inocência: "Sempre foi referido, tenho essa percepção, que iria provar em julgamento que tudo era uma farsa. Portanto, o que eu disse foi que esta é a altura própria para discutirmos essa questão em julgamento. Eu não disse que o engenheiro José Sócrates tinha de provar o que quer que seja, nem que tinha de provar a sua inocência. Não referi isso", insistiu. "Disse que haveria uma oportunidade, em julgamento, para fazer a prova da inocência."

O PGR foi também questionado sobre o caso que envolve a empresa do primeiro-ministro e reafirmou que deseja, e "pediu" aos procuradores, para concluírem a averiguação preventiva a Luís Montenegro antes do início das férias judiciais. No entanto, ressalvou que a falta de meios é uma realidade e que "não se muda tudo num dia".

O que está em causa sobre Sócrates

Numa entrevista ao programa "Justiça Cega", da Rádio Observador, o PGR afirmou que o antigo primeiro-ministro "sempre disse que queria ser julgado neste processo para provar a sua inocência" e que por isso "devemos dar essa oportunidade ao engenheiro José Sócrates para provar a sua inocência".

Um afirmação que José Sócrates não gostou de ouvir e o levou a reagir. Em comunicado enviado às redações, o ex-governante criticou as declarações do PGR, alegando que Amadeu Guerra colocou "o ónus da prova no cidadão" e "não no Estado", ironizando que estas afirmações são "um alívio para todos".

"O senhor Procurador-Geral da República, na sua infinita indulgência, afirma que 'precisamos dar oportunidade ao engenheiro Sócrates de provar a sua inocência'. Que alívio para todos. O Estado já não precisa de provar as acusações que faz – é o visado que deve provar a sua inocência. Quando o senhor Procurador Geral fala sentimos imediatamente a lei a ser escrita: o ónus da prova é agora do cidadão, não do Estado. Não há recurso das declarações do Ministério Público. Só náusea", lia-se na curta nota.

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