Quem são os novos donos da Altice Arena?

ECO - Parceiro CNN Portugal , Rafael Ascensão
29 abr 2023, 13:00
Altice Arena, antigo Pavilhão Atlântico

Controlando atualmente cerca de 70% do mercado de bilheteira e de eventos ao vivo, o grupo tem sido investigado por questões de concorrência e eventual abuso de monopólio

A Live Nation Entertainment, uma promotora de espetáculos norte-americana, vai adquirir uma participação maioritária da Altice Arena, conforme o Eco noticiou esta quinta-feira, ao comprar uma posição de controlo na Ritmos & Blues e na Arena Atlântico (dona da Altice Arena). Mas o que é afinal a Live Nation Entertainment, a nova dona da Altice Arena?

No aviso publicado na imprensa, a propósito da compra, lia-se que a Live Nation Entertainment se encontra “ativa em vários níveis da cadeia de valor dos eventos ao vivo”, sendo que, em Portugal, está “ativa na promoção do festival Rock in Rio Lisboa”. Na verdade, detém 60% do Rock in Rio desde 2019.

A promotora apresenta-se como a empresa “líder” a nível mundial no que diz respeito ao ramo dos espetáculos de entretenimento ao vivo, referindo que tem o “privilégio” de trabalhar com artistas para trazer a sua criatividade aos palcos de todo o mundo.

“Sejam duas horas numa discoteca cheia ou um fim de semana inteiro de espetáculos num festival, um espetáculo ao vivo faz mais do que entreter. Ele pode elevar, inspirar e criar uma memória que dura uma vida inteira”, lê-se no site da empresa.

Segundo o seu site, a Live Nation Entertainment dá vida a 40 mil espetáculos, mais de cem festivais e vende 500 milhões de bilhetes anualmente. Conta com cerca de 44 mil funcionários. “Mas só porque somos grandes, isso não significa que fazemos as coisas da mesma forma que outras empresas do nosso tamanho”, refere.

Esta “grandeza” começou a ser desenhada em 1993 por Robert F. X. Sillerman, enquanto SFX Entertainment, refere o The New York Times, tendo, ao longo dos anos 90, gasto mais de dois mil milhões de dólares em aquisições de promotoras, criando a primeira empresa verdadeiramente forte a nível nacional no setor.

No ano 2000 a cadeia de rádio Clear Channel Communications comprou a SFX por 4,4 mil milhões de dólares e, cinco anos mais tarde, uma separação entre empresas deu origem à Live Nation.

O grande salto aconteceu em 2010, quando a Live Nation – enquanto promotora de eventos – se uniu com a Ticketmaster, líder mundial no negócio de bilheteira. Atualmente, estima-se que a Live Nation Entertainment – o resultado desta fusão – controle cerca de 70% do mercado de bilheteira e de eventos ao vivo, avança a CNBC, referindo que o grupo tem sido investigado por eventuais questões de concorrência e abusos de monopólio.

Um dos casos mais recentes foi motivado pela tour de Taylor Swift, que era marcada pelo regresso da cantora aos palcos, tendo milhões de fãs ficado impossibilitados de comprar bilhete ou terem mesmo ficado sem o ingresso depois de já o terem adquirido. O motivo? Uma quebra no site da Live Nation Entertainment.

A venda de bilhetes acabou por entretanto ser cancelada, o que, segundo a CNN, levou a uma chuva de críticas e a um novo processo movido pelo Comité Judiciário do Senado norte-americano intitulado “That’s The Ticket: Promoting Competition and Protecting Consumers in Live Entertainment”, que visou examinar a falta de competitividade na indústria bilhética.

No entanto, o crescimento da empresa não foi abalado. Aliás, este tem sido recorrente ao longo dos anos, tendo o grupo adquirido a Voodoo Music + Arts Experience (2013), a Union Events e a Big Concerts International (2016), entre outras, refere o Público.

Na sua mais recente aquisição, estão em causa, então, as empresas Ritmos & Blues e a Arena Atlântico, esta última dona da Altice Arena (a maior sala de espetáculos do país), incluindo também as respetivas subsidiárias, como a participação minoritária na BlueTicket.

Em 2022, o grupo afirma ter “ligado” 670 milhões de fãs através de 43600 eventos, com 7,800 artistas, em 48 países. Mas a empresa também alargou o seu campo de ação à gestão de artistas, tendo agenciado 410 artistas no ano passado, através de 90 profissionais.

Em termos financeiros, e no cômputo geral, no último ano, a Live Nation Entertainment, viu a sua receita crescer 44% face a 2019, para 16,7 mil milhões de dólares (cerca de 15,17 mil milhões de euros), segundo os dados por si divulgados.

A empresa investiu também mais 45% em artistas, em relação em 2019, num total de 9,6 mil milhões de dólares. O valor bruto com a emissão de bilhetes também subiu bastante (54%), para 27,5 mil milhões de dólares, bem como a receita com patrocínios (65%) que alcançou perto de mil milhões de dólares no último ano.

A meio da tarde desta quinta-feira as ações da empresa estavam cotadas num valor muito próximo dos 66 dólares (59,91 euros).

Gráfico com evolução do valor das ações da Live Nation Entertainmen no último ano.
Fonte: https://investors.livenationentertainment.com/

Em termos de festivais, a empresa organiza vários a nível mundial, como o Barcelona Beach Festival (Espanha) os festivais Leeds, Reading e Download (Reino Unido), Lollapalooza (em sete países diferentes), entre muitos outros.

A Live Nation Entertainment está presente em várias regiões e países a nível global, desde Espanha à Tailândia, Coreia do Sul, Filipinas, Polónia, Nova Zelândia, Japão, Finlândia, África do Sul, Estados Unidos da América e Canadá, Singapura, Reino Unido, Hong Kong ou América Latina, mercado onde se está atualmente a tentar expandir, nomeadamente para o Brasil e Peru, segundo o MarketScreener.

Michael Rapino é o atual presidente, diretor e CEO da Live Nation Entertainment, posições que ocupa desde 2005. Joe Berchtold é presidente e diretor financeiro.

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