Avião desaparecido há décadas reaparece devido ao degelo nos Alpes

CNN , Artigo da Reuters
1 out 2022, 17:00
Glaciólogos durante uma viagem de verificação do equipamento de medição em Gries, na Suíça, a 2 de setembro de 2022.  (Denis Balibouse/Reuters)

Os glaciares suíços registaram a sua pior taxa de degelo desde o início dos registos que começaram há mais de um século, perdendo 6% do seu volume restante este ano ou quase o dobro do recorde anterior de 2003, informou o organismo de monitorização GLAMOS.

O degelo foi tão extremo este ano que até parte da rocha que permaneceu enterrada durante milénios reapareceu em determinado local e foram recuperados corpos e mesmo um avião que se tinha perdido pelos Alpes há décadas. Outros pequenos glaciares que aí existiam também desapareceram praticamente.

“Sabíamos que, com estes cenários climáticos, esta situação haveria de chegar, pelo menos algures no futuro”, afirmou Matthias Huss, chefe da Rede Suíça de Monitorização de Glaciares (GLAMOS) à Reuters. “E perceber que esse futuro já chegou, agora mesmo, foi talvez a experiência mais surpreendente ou chocante deste verão.”

O glaciólogo Matthias Huss, em primeiro plano, toma nota da diminuição do gelo enquanto outros membros da equipa GLAMOS fazem um novo furo no glaciar Gries. (Denis Balibouse/Reuters)

Mais de metade dos glaciares dos Alpes encontram-se na Suíça, onde as temperaturas estão a aumentar cerca do dobro da média global.

Os cientistas dos Alpes, incluindo Huss, foram obrigados a fazer trabalhos de reparação de emergência em dezenas de locais nos Alpes, uma vez que o gelo derretido estava a pôr em risco a localização dos seus polos de medição e a destruir os dados recolhidos.

A percentagem elevada de degelo este ano, que ascendeu a cerca de 3 quilómetros cúbicos de gelo, foi o resultado de uma queda de neve excecionalmente baixa no inverno, juntamente com ondas de calor consecutivas. A queda de neve repõe o gelo perdido a cada verão e ajuda a proteger os glaciares de mais degelo, refletindo a luz solar de volta para a atmosfera.

Huss a caminhar sobre o glaciar Gries. (Denis Balibouse/Reuters)

Se as emissões de gases com efeito de estufa continuarem a aumentar, espera-se que os glaciares dos Alpes percam mais de 80% da sua massa atual até 2100. De acordo com um relatório de 2019 do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas da ONU, independentemente das medidas de emissão que forem tomadas agora, muitos desses glaciares vão, ainda assim, desaparecer, como consequência do aquecimento global provocado pelas emissões do passado.

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