Alojamento local prepara boicote à Jornada Mundial da Juventude para contestar medidas do Governo para a habitação

16 fev 2023, 19:09

Empresários do sector estão a organizar-se de forma informal para reagir às mudanças anunciadas pelo Governo: proibição de novas licenças, aumento de impostos para quem não passar estas casas para o arrendamento normal a partir de 2025 e avaliação das licenças a cada cinco anos a partir de 2030

Os proprietários de alojamento local estão a preparar um boicote para o período da Jornada Mundial da Juventude, não permitindo reservas em pelo menos uma das noites durante a semana do evento, em agosto. A intenção é limitar a oferta disponível em Lisboa, contribuindo para perturbar o normal funcionamento do evento.

O protesto surge nos grupos dedicados a este sector nas redes sociais, após serem conhecidas as pretensões do Governo em sujeitar as novas licenças a períodos de cinco anos. E ganharam força depois da confirmação de que as novas licenças vão ser “proibidas” em todo o país - com exceção dos alojamentos rurais em concelhos do interior do país - e de que todas as licenças vão ser sujeitas a reavaliação em 2030 e depois disso a cada cinco anos.

“A ideia é mesmo o boicote. Se estão a limitar o nosso trabalho legítimo, também sentimos que podemos boicotar o trabalho do Governo quanto à Jornada Mundial da Juventude”, explica à CNN Portugal David Almeida, um dos responsáveis por este protesto.

A ação não conta, por agora, com o apoio da ALEP – Associação do Alojamento Local em Portugal, que está reunida de urgência após os anúncios do Governo.

A Jornada Mundial da Juventude decorre em Lisboa entre 1 e 6 de agosto, sendo esperados mais de um milhão de jovens. O alojamento local é a opção para muitos deles. Entretanto têm também surgido anúncios de espaços em condição ilegal, como quartos em casas de famílias para acolher participantes, alguns deles chegando a milhares de euros por noite.

“Os nossos receios confirmaram-se e agravaram-se. É demasiado grave o que se está a propor”, reage David Almeida, que já bloqueou as reservas “na semana inteira” da Jornada Mundial da Juventude. Muitos são os que, nos grupos dedicados ao sector, admitem seguir no mesmo sentido, mesmo que de “forma simbólica” retirando um dia à capacidade de oferta da capital, perturbando os fluxos de reserva.

Também Paulo Matos, proprietário e administrador dos grupos dedicados ao alojamento local, revela que tem havido um fluxo grande de comentários a indicar a vontade de participar neste protesto. À CNN Portugal, assegura que, ao fazê-lo num momento tão importante como a Jornada Mundial da Juventude, se procura “visibilidade” para o “protesto” do sector, que se sente “perseguido” ao longo dos últimos anos.

“Em prejuízo próprio, bloqueiam uma data para que isso possa ter um impacto nas reservas, na impossibilidade de toda a gente ter lugar em Lisboa”, explica.

O dia 1 de agosto está a ser apontado como aquele onde mais alojamentos locais devem impedir reservas, fazendo com que mais peregrinos não tenham onde ficar em Lisboa.

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