“Exaustos e desmotivados”. Enfermeiros do Garcia de Orta exigem respostas

Agência Lusa , DCT
22 dez 2021, 18:25
Covid-19

Profissionais de saúde dão como exemplo o Serviço de Pneumocovid, direcionado para a resposta covid, onde estão menos de 30 enfermeiros a trabalhar e há mais de 100 turnos extraordinários no horário

Os enfermeiros do Hospital Garcia de Orta, em Almada, denunciaram esta quarta-feira a situação de “exaustão e desmotivação” em que se encontram, face ao aumento do volume de trabalho e ao “não pagamento de 20 mil horas de trabalho extraordinário”.

O que nos levou a este protesto são os níveis de exaustão a que os enfermeiros e as enfermeiras estão sujeitos”, disse Zoraima Prado, do Sindicato dos Enfermeiros, lembrando que o volume de trabalho, incluindo o trabalho extraordinário, daqueles profissionais de saúde tem vindo a aumentar desde o início da pandemia.

Zoraima Prado falava à agência Lusa após uma conferência de imprensa à entrada do hospital para denunciar a situação dos enfermeiros, que culminou com uma deslocação ao Conselho de Administração da unidade para a entrega de um documento com um conjunto de reivindicações relacionadas com o alegado não pagamento do trabalho extraordinário, gozo de dias de tolerância e feriados.

“Nós sabemos que o desbloqueamento das progressões de carreira está mais na esfera de decisão do Governo, mas as instituições podem dar um sinal a esse nível. E o Garcia de Orta não tem dado. Pelo contrário, tem criado mais constrangimentos, como é o caso do sistema de gestão de horários, e tem tido atitudes que efetivamente têm desmotivado muitas pessoas, como é o caso de não reconhecer como 'relevante' o seu desempenho nos anos de pandemia”, acrescentou.

Enfermeiros pedem valorização

Segundo a sindicalista, os enfermeiros exigem que o Conselho de Administração do Garcia de Orta tenha uma “atitude de valorização para com os seus trabalhadores” e também que esclareça algumas questões “em termos de horas que desapareceram e feriados que não são contados”, situações que considera não ajudarem a melhorar o “clima já altamente desfavorável à fixação de enfermeiros” nesta unidade de saúde.

“Foram pedidos alguns esforços [devido à pandemia] e fizeram-se, porque eram necessários. Mas verifica-se que nada foi feito para que esse esforço, que se pediu inicialmente, pudesse depois ser minimamente reduzido. Antes pelo contrário, neste momento estamos naquilo que é a pior fase da doença respiratória aguda - a fase de inverno é sempre pior, temos sempre mais doentes com este tipo de patologia - e nada foi feito no sentido de acautelar esta fase”, disse a sindicalista.

Zoraima Prado defende que, face à situação pandémica, o Conselho de Administração do Garcia de Orta devia “ter criado condições para fixar os profissionais e reforçado a capacidade para ventilar doentes” durante o inverno, mas considera que nada disso foi feito, o que também contribui para afastar cada vez mais profissionais daquele hospital e do Serviço Nacional de Saúde.

“As pessoas continuam a sair por ausência de condições de trabalho. No Serviço de Urgência, neste momento com 81 enfermeiros - já foram mais de 100 –, sabemos que só este mês vão sair mais três. Relativamente àquilo que é o trabalho extraordinário que é pedido – e sem contar com a saída desses três enfermeiros -, são 205 turnos extraordinários no Serviço de Urgência”, disse.

No Serviço de Pneumocovid, que é o serviço direcionado para a resposta covid, temos menos de 30 enfermeiros a trabalhar e temos mais de 100 turnos extraordinários no horário”, acrescentou Zoraima Prado.

De acordo com a sindicalista, os turnos de trabalho extraordinário realizados pelos enfermeiros em praticamente todos os serviços do Hospital Garcia de Orta demonstram que, em quase todos, “faltam três ou quatro enfermeiros”.

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