Investigação concluiu que não há necessidade de abrir um caso criminal. A mulher desconfia e pede agora, finalmente, acesso a todos os pertences do marido
Um conjunto de doenças agravado por um estado de arritmia. Esta é a causa oficial da morte de Alexei Navalny para as autoridades russas. O problema é que a viúva daquele que foi, durante muitos anos, o principal opositor de Vladimir Putin, não acredita nesta teoria.
Numa declaração publicada online, Yulia Navalnaya disse que recebeu um documento de três páginas em que o Comité de Investigação da Rússia referia não existir qualquer razão para a abertura de uma investigação criminal à morte de Navalny, ele que morreu numa prisão remota do Ártico, depois de ter sido detido em 2021.
“Aqui está um homem em constante vigilância na prisão, um político mundialmente reconhecido, o líder da oposição, e de repente morre numa hora de ‘doença combinada’”, disse Navalnaya, referindo-se ao relatório como uma “mentira”, acrescentando que as autoridades russas estão a “esconder o que se passou naquele dia”.
A viúva de Navalny exige agora às autoridades russas que libertem os relatórios médicos completos e que devolvam à família os seus pertences, nomeadamente os diários que escrevia e a cruz que o acompanhou até à detenção. Um pedido que foi feito repetidamente, garante a família, a quem só disseram que teria de esperar pelo fim da investigação, agora encerrada.
Para Navalnaya não foi a tal combinação de fatores médicos que causou a morte ao marido. A mulher tem uma explicação mais simples: Navalny foi assassinado pelo Estado, pelo que o acesso a uma investigação credível será, pelo menos enquanto Vladimir Putin for presidente, uma mera utopia.
Recorde-se que Navalny foi alvo, antes do regresso à Rússia e subsequente detenção, de um ataque com Novichok, um agente nervoso letal desenvolvido na União Soviética e que era prática comum contra os amigos do então KGB. Acabou por conseguir recuperar na Alemanha antes de, como se disse, voltar à sua terra, mesmo sabendo que acabaria detido mal colocasse um pé em Moscovo. O Kremlin negou o envenenamento como nega, agora, qualquer responsabilidade pela morte na prisão.