Alexandra Reis sugere que saída da TAP pode ter sido apressada pelas eleições

2 mar 2023, 09:14
Medina quis "preservar a autoridade política" e a secretária de estado saiu: a demissão de Alexandra Reis após a polémica indemnização

REVISTA DE IMPRENSA. Christine Ourmières-Widener reuniu-se com a ex-administradora para a informar que queria que saísse da empresa depois de ter pedido autorização prévia ao ministro das Infraestruturas, numa reunião via Teams

Alexandra Reis, ex-administradora da TAP, foi informada pela CEO da companhia das alterações na equipa executiva e de que Christine Ourmières-Widener queria que saísse da empresa a 25 de janeiro de 2022, avança o Jornal de Negócios.

De acordo com o jornal, a revelação foi feita pela ex-administradora durante a reunião com a Inspeção-Geral de Finanças (IGF). Segundo Alexandra Reis, a CEO da TAP ter-lhe-á dito ainda que iria distribuir as pastas e que a administradora estava livre do cargo.

Alexandra Reis terá aindo questionado Christine Ourmières-Widener se o Governo estava de acordo com esta decisão e a resposta foi afirmativa. De acordo com o jornal, esse aval terá sido recebido pela CEO da TAP na reunião que teve via Teams com o ministro das Infraestruturas, a 4 de janeiro. Nessa reunião, Christine Ourmières-Widener pediu autorização a Pedro Nuno Santos para afastar Alexandra Reis "por divergências profissionais irreconciliáveis na comissão executiva".

O pedido foi formalizado a 18 de janeiro por escrito, através de um email enviado para o secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes, e em fevereiro a administradora saiu da empresa.

Na reunião com a IGF, avança o Negócios, Alexandra Reis terá dito que havia um sentido de urgência para que a sua saída da TAP fosse rápida, até porque havia eleições legislativas nesse mesmo mês. Diz, no entanto, que apesar de nunca ter sido usada a palavra despedimento, foi isso que aconteceu e que entendeu que não havia condições para continuar em funções. 

O acordo de saída acabaria por ser assinado por Manuel Beja, presidente do Conselho de Administração, com quem Alexandra Reis diz ter tido sempre boa relação, e Christine Ourmières Widener, CEO da companhia.

O parecer da IGF foi pedido pelos ministros das Finanças, Fernando Medina, e das Infraestruturas, então Pedro Nuno Santos, no dia 27 de dezembro, depois de se saber que a então secretária de Estado do Tesouro tinha recebido uma indemnização de 500 mil euros brutos por um acordo de saída da administração da TAP, e por decisão da CEO da companhia, Christine Ourmiére-Widener, sendo depois nomeada, em junho, para a presidência de outra empresa pública, a NAV. Em dezembro, assumiu a pasta de secretária de Estado do Tesouro, mas acabou demitida, como o secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes, que deu o seu aval ao pagamento de 500 mil euros, e depois foi o próprio Pedro Nuno Santos a admitir que também sabia daquela indemnização e a pedir a demissão.

A indemnização atribuída a Alexandra Reis foi criticada por toda a oposição e posta em causa até pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ao dizer que seria "bonito" a governante prescindir da verba.

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