Presidente da Bielorrússia tem precisamente numa mulher, em Sviatlana Tsikhanouskaya, a principal opositora
Alexander Lukashenko é presidente da Bielorrússia desde 1994, praticamente desde que o país se tornou independente da União Soviética. Quando sair, há algo que toma como certo - mesmo que não se vislumbrem candidatos ao cargo e até sabendo que um dos principais rostos da oposição é Sviatlana Tsikhanouskaya, uma mulher -, será um homem a ocupá-lo.
Em declarações aos jornalistas durante esta quinta-feira, o presidente bielorrusso afirmou que o cargo que ocupa, como qualquer outro chefe de Estado, é o “trabalho mais difícil”, pelo que “não se deve sobrecarregar uma mulher” com isso.
“Que Deus proíba uma mulher de ser eleita na Bielorrússia”, afirmou, acrescentando que aquele cargo é muito mais difícil do que, por exemplo, ser presidente dos Estados Unidos.
Lukashenko até admite, quem sabe um dia, que seja eleita uma mulher para o cargo, mas “agora é diferente”, já que “este não é um estilo feminino”.
“Uma mulher deve ser uma mulher”, reiterou, deixando no ar a ideia de que o papel do sexo feminino não passa por cargos de chefia como aquele que ocupa.
“Não devemos trocar as nossas responsabilidades para as mulheres. Eu admiro as mulheres, não as diminuo, de todo. Mas elas devem estar lá para nós, devem ser um grande apoio”, acrescentou.
Voltando a Sviatlana Tsikhanouskaya, e como se não bastasse a certeza de que não poderá concorrer por questões de repressão, fica assim afastada a ideia, pelo menos na pretensão do presidente em exercício, que uma mulher possa ser eleita nas presidenciais do próximo 26 de janeiro.
Além das duas condições que separam a opositora da liderança do país, é de esperar que lhe falte uma outra. É que Lukashenko entende que ninguém se torna presidente, mas que antes “nasce para ser presidente”.
“Uma pessoa deve ter qualidades básicas por natureza que lhe vão ser úteis como presidente”, terminou.