Projeto de lei será debatido pelas duas câmaras do parlamento alemão - Bundesrat e Bundestag - no início do próximo ano
A Alemanha está a planear reintroduzir o serviço militar para reforçar as capacidades de defesa nacional. O Conselho de Ministros da Alemanha aprovou um projeto de lei, que será debatido pelas duas câmaras do parlamento alemão - Bundesrat e Bundestag - no próximo ano e que permite ao exército avaliar a prontidão de todos os jovens do sexo masculino assim que completarem 18 anos.
A medida visa "reforçar as capacidades nacionais e coletivas de dissuasão e defesa e construir uma reserva forte", segundo uma nota divulgada pelo governo alemão.
Segundo o projeto de lei, todos os jovens de 18 anos - cerca de 300 mil no próximo ano - devem preencher um questionário online onde têm de responder a uma série de questões sobre o seu interesse em ingressar no exército. A medida é opcional para as mulheres, que também vão receber o questionário, mas não são obrigadas a preenchê-lo.
Uma vez preenchido o questionário, o Bundeswehr - as Forças Armadas da Alemanha - vai escolher os melhores candidatos para cumprirem serviço militar por um período "de seis a 23 meses".
A reintrodução do serviço militar obrigatório - suspensa desde 2011 - voltou a ser tema de debate na Alemanha com o espoletar da guerra na Ucrânia, numa tentativa de responder às preocupações em torno do número cada vez menor de tropas em resposta a uma Rússia mais agressiva.
Atualmente, segundo a Reuters, o Bundeswehr conta com 180 mil soldados - número que o governo pretende aumentar para 203 mil até 2031, além de 60 mil reservistas. O objetivo é eventualmente atingir mais de 200 mil reservistas, o que permitiria à Alemanha alargar o seu contingente militar para cerca de 460 mil soldados em caso de guerra.
"Se um estado de emergência surgisse amanhã, não saberíamos quem poderíamos recrutar porque não há um banco de dados completo", afirmou o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, acrescentando que o governo está a considerar um salário de pelo menos 1.800 euros para os recrutas e possivelmente até 200 euros a mais, dependendo das circunstâncias.