Sondagens antecipam vitórias para a extrema-direita e também para uma nova aliança de extrema-esquerda, com impacto nos ditos partidos mainstream, quando falta apenas um ano para as eleições federais
Eleitores de dois estados do leste da Alemanha são este domingo chamados às urnas para eleições acompanhadas de perto pelas autoridades em Berlim e por toda a Europa, em parte pelas mais recentes sondagens, que indicam que o Alternativa para a Alemanha (AfD), partido de extrema-direita, poderá conquistar uma parte considerável dos votos.
As eleições regionais têm lugar nos estados da Saxónia e da Turíngia, que estiveram sob domínio comunista até à queda do muro de Berlim, e vão definir a composição dos governos estatais e dos seus parlamentos.
Apesar de os eleitores registados nos dois estados representarem apenas 7% do total do eleitorado alemão, estas eleições são vistas como muito importantes, quer pelo potencial sucesso do partido nacionalista e anti-imigração, quer também pela subida de popularidade de um partido de extrema-esquerda composto por ex-comunistas, a Aliança Sahra Wagenknecht (BSW), batizado em honra da sua fundadora e líder.
Os inquéritos de opinião apontam que o partido, fundado este ano, poderá ultrapassar a maioria dos partidos mainstream, antecipando que poderá ficar em terceiro lugar nas duas corridas estatais.
Os resultados previstos são um claro sinal do descontentamento do leste da Alemanha com o governo federal em Berlim. Se não conseguirem conquistar um mínimo de 5% dos votos nestas eleições, alguns ou todos os partidos da coligação de governo tripartida liderada por Olaf Scholz poderão não conseguir eleger quaisquer representantes para os parlamentos regionais da Saxónia e da Turíngia.
Em termos do tamanho de população, a Saxónia é o 7.º e a Turíngia o 12.º estado dos 16 que compõem a Alemanha federal. Mas a potencial vitória da AfD, o sucesso de um partido de esquerda recém-formado e a possível não-eleição de representantes dos partidos tradicionais têm uma importância simbólica quase oito décadas depois do fim da era nazi.
As eleições nos dois estados são ainda importantes pelo seu timing, quando falta um ano para as eleições federais de setembro de 2025, nas quais Scholz e a sua coligação vão tentar a reeleição.
As urnas abriram pelas 8h da manhã locais e vão encerrar às 18h (menos uma hora em Lisboa). Não se antecipa que qualquer dos partidos a votos conquiste maioria absoluta para poder governar sozinho, pelo que será provável que dois ou mais partidos tenham de coligar-se para formar governo nos dois estados.
Por esse motivo, antecipam-se vários encontros entre os líderes dos partidos com mais votos ao longo das próximas semanas em Dresden, capital da Saxónia, e Erfurt, capital da Turíngia. A União Democrata-Cristã (CDU) poderá fazer parte de um ou dos dois governos conforme a distribuição de votos. O partido conservador já deixou claro que não vai formar coligação com a AfD, mas deixou a porta aberta a entendimentos com a BSW.