Usar a airfryer é mais saudável? Pode causar cancro? Não frite com as suas dúvidas

20 mai 2023, 12:00
Airfryer (Freepik)

Tornaram-se estrelas nas redes sociais, quais ‘influencers’ da alimentação rápida, prática e saudável. Porque nelas se pode fazer um pouco de tudo, de batata frita a bolos. E até lasanha ou rissóis. Mas ensombraram-se de receios de que poderiam causar cancro. À CNN Portugal, os nutricionistas dizem que não será por isso que tem de guardar o aparelho. E deixam dicas para tirar dele o melhor partido, com menos riscos

As fritadeiras a ar, sem óleo, mais conhecidas pelo nome inglês airfryers, têm uma gaveta que parece um bolso mágico. Entra lá comida simples, sai de lá um repasto. E mais saudável, garantem milhentas publicações sobre as receitas mais inesperadas.

Mas será mesmo assim? É mesmo mais saudável fritar na airfryer? Bem, tudo depende do que puser lá para dentro. Mas, seja o que for, as nossas nutricionistas concordam: é sempre mais saudável do que a fritura tradicional.

“A fritura tradicional consiste numa imersão total do alimento em gordura. E, na airfryer, apenas é adicionada uma pequena porção de gordura para a confeção. Torna-se uma alternativa mais saudável”, resume Joana Bernardo, nutricionista da Fisiogaspar.

Se o croquete não mergulha no óleo, vem para o prato com menos gordura. E menos gordura é uma boa notícia, “torna o valor energético total da refeição menor, ou seja, com menos calorias”, traça Daniela Duarte, nutricionista da Agita Kalorias.

Airfryers são uma aposta de várias marcas de eletrodomésticos, com diferentes capacidades (Getty Images)

Trocar óleo por azeite. E cuidado com o que lá põe

Pronto, há mesmo verdade na faceta mais saudável da fritadeira a ar. Mas ela explica-se com mais elementos. Porque, por exemplo, em vez do tradicional óleo, “há uma maior tendência da utilização do azeite, que é uma gordura mais interessante e com maior interesse nutricional”, diz Daniela Duarte. Se a quantidade de azeite é uma dúvida na sua vida, espreite este outro artigo.

As airfryers tomaram conta da Internet, sim, mas também dos consultórios dos nutricionistas. Há quem chegue já com a decisão tomada, achando que está no caminho do bem. Mas há também quem desconfie deste aparelho.

“A airfryer é cada vez mais um equipamento associado a uma ‘alimentação saudável’ e, por isso, cada vez mais mencionado em consulta”, confessa Ana Rita Lemos, nutricionista no Hospital Lusíadas Lisboa.

E é aí que os pacientes se confrontam com a verdade mais dura. “Não basta utilizar a airfryer para a alimentação ser saudável. É preciso escolher os alimentos certos. Se usar a airfryer para fazer douradinhos, apesar de usar menos gordura do que na fritura tradicional, não deixa de ser um alimento pré-frito e processado. O seu consumo deverá ser esporádico.”

Fritura tradicional aumenta os níveis de gordura nos alimentos (Freepik)

E pode causar cancro? Não mais do que outros aparelhos

À medida que as airfryers se tornaram famosas, também tiveram de lidar com o outro lado do reconhecimento. É que basta fazer uma pesquisa simples para o Google ser arauto de más notícias: este aparelho pode libertar uma substância considerada cancerígena.

Acrilamida, é esse o nome da maldita que intenta bloquear o milagre das airfryers. Mas atenção, porque as fritadeiras de ar não têm culpa por si só. É nos alimentos que está esta substância. E são as altas temperaturas da confeção que promovem a sua formação.

“A acrilamida é uma substância presente nos alimentos ricos em amido, açúcares e aminoácidos quando preparados em temperaturas acima de 120 ºC”, indica Daniela Duarte, lembrando que “acima dos 180 ºC desenvolvem-se outros compostos prejudiciais para a saúde”.

Quanto mais alta a temperatura, maiores os riscos para a saúde, lá está. Mas não guarde já a airfryer que comprou com tanto amor e carinho. “Tal como a airfryer, equipamentos como o forno, a tostadeira ou torradeira também submetem os alimentos a altas temperaturas”, observa Joana Bernardo.

E não foi por isso que deixou de os usar, certo? Então aqui vão dicas para minimizar os riscos.

Batatas fritas são um dos alimentos mais 'desejados' nas airfryers (Getty Images)

Como tirar o melhor partido?

“Não há motivos para parar de usar, até porque não podemos esquecer que é um equipamento que veio trazer muita praticidade na cozinha dos portugueses”, diz Daniela Duarte.

O truque é saber como e com que frequência usar. As nutricionistas aconselham a evitar cozinhar demasiado, à espera do aspeto tostado. Se estiverem escuros ou queimados, não ingira os alimentos. As temperaturas, dizem, também não devem ir para lá dos 175 ºC. Já no que respeita à gordura, deve utilizar-se o menos possível - para espalhar bem o azeite, por exemplo, pode usá-lo em spray.

E fica por aqui? Claro que não. É recomendado que evite alimentos pré-fritos ou pré-cozinhados e que realize uma limpeza regular do equipamento, para evitar que se acumulem resíduos.

“A acrilamida surge, fundamentalmente, em alimentos submetidos a temperaturas muito elevadas, neste sentido, antes de começar a usar o equipamento, deve validar as instruções do fabricante, sobretudo no que respeita à temperatura, à quantidade de alimentos e ao tempo de cozedura”, recomenda Ana Rita Lemos.

No caso das batatas fritas, um dos produtos estrela na airfryer, também há muito que aprender. Porque palitos mais espessos, por exemplo, contêm menores níveis de acrilamida do que os mais finos. Ao passá-los por água quente, permitem também uma redução significativa dos níveis de açúcar. Mas seque-os bem antes de fritar.

Nas airfryers, como na vida, o que dá frutos é a moderação. Daí que as nutricionistas recomendem que este método de confeção seja combinado com muitos outros. Tal como varia os alimentos, também deve variar o modo como os prepara. Sopas, cozidos, ensopados e caldeiradas são os mais recomendados, porque ajudam a conservar os nutrientes.

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