Guerra na Ucrânia leva agricultores portugueses de batata e tomate a plantarem com prejuízo

11 mar 2022, 22:35

Agricultores temem falências: já tinham contratos assinados com a indústria que não previam a escalada de preços nos combustíveis e na eletricidade

Depois da seca, a agricultura portuguesa vive uma nova crise causada pela guerra na Ucrânia. Há produtores de batata e tomate desesperados com a escalada dos preços das energias numa altura em que já tinham contratos assinados com as empresas da indústria para escoar aquilo que vão começar a plantar em março.

Se plantarem, os agricultores já sabem que vão ter prejuízos e muitos admitem abandonar o campo, como explica, à CNN Portugal, Gonçalo Escudeiro, diretor da Torriba (Organização de Produtores de Hortofrutícolas) que acompanha centenas de agricultores do Ribatejo.

Filipe Andrade e Sousa, agricultor e dirigente da Torriba e da Cerpro (Organização De Produtores de Cereais), acrescenta que os tratores que nesta altura estão a trabalhar a terra para receber as sementes das culturas de primavera/verão consomem entre 60 a 70 litros por hora.

Gonçalo Escudeiro acrescenta que até há um mês, quando negociaram os contratos, era impossível prever a guerra na Ucrânia e os efeitos que se seguiram nos mercados internacionais e que afetaram os principais custos destas empresas agrícolas: gasóleo, eletricidade e adubos.

Aos preços atuais, de acordo com os contratos antes assinados com a indústria, cada hectare de plantação irá causar um prejuízo de 1000 a 1500 euros, o que pode levar muitos agricultores à falência - "é impossível resistir a uma situação destas", afirma Gonçalo Escudeiro.

Os telefonemas, com agricultores desesperados, não param de chegar à Organização de Produtores de Hortofrutícolas que pede "sensibilidade" às empresas da indústria com quem assinaram os contratos, mas também ao Governo que regule e limite os preços do gasóleo, da eletricidade e dos adubos.

Nos milhares de hectares da Lezíria do Ribatejo a eletricidade é um bem fundamental para bombear a água que rega os campos e as tarifas para este ano apresentam aumentos na ordem dos 300%.  

Os agricultores detalham que a guerra na Ucrânia apanhou em cheio os custos das chamadas culturas de primavera/verão: além das batatas e do tomate, também os pimentos, as beringelas, as curgetes, o milho, o girassol e o arroz.

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