“Os portugueses não estão a entender bem a mensagem": mortes por afogamento atingem pico de 5 anos e junho pode continuar "com números dramáticos"

15 jun 2022, 12:28
Afogamento

Estudo da Federação Nacional de Nadadores Salvadores estabelece uma correlação entre a morte por afogamento e as alterações climáticas

Desde o início do ano e até maio, Portugal registou 52 mortes por afogamento, naquele que é o valor mais alto dos últimos cinco anos, segundo o Observatório do Afogamento, um sistema criado pela Federação Portuguesa de Nadadores-Salvadores. Só na primeira quinzena de junho já foram contabilizadas pelos menos mais quatro mortes, elevando assim o total para 56. São números que preocupam os nadadores-salvadores. 

“Nesta primeira quinzena de junho temos assistido sistematicamente a novas mortes por afogamento em Portugal e nos mais variados sítios, desde poços, rios e mar. Se continuarmos com estas ocorrências que registámos nas últimas semanas, vamos continuar com números dramáticos”, afirma o presidente da Federação Portuguesa de Nadadores Salvadores, Alexandre Tadeia, à CNN Portugal.

O responsável alerta para "o risco muito elevado de afogamento" e apela aos banhistas que cumpram sempre as regras de segurança. “Os portugueses não estão a entender bem a mensagem que está a ser passada: neste momento há um risco muito elevado de afogamento. Apelamos às pessoas que tenham cuidado com a sua vida e a vida dos seus.”

É nos meses de calor e sobretudo no verão que o risco de afogamento aumenta, mas este início de ano foi mais seco e marcado por vários dias com temperaturas acima da média – segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, maio foi o mês mais quente dos últimos 92 anos e 97% do território está em seca severa. Um estudo da Federação Nacional de Nadadores Salvadores, que vai ser publicado em breve no próximo Congresso Mundial de Prevenção do Afogamento, estabelece uma correlação entre a morte por afogamento e as alterações climáticas.

“Se vamos passar a ter um planeta mais quente, é expectável que a morte por afogamento suba e que seja necessário prevenir e investir mais na prevenção do afogamento”, vinca Alexandre Tadeia.

Essa prevenção passa pela "educação dos portugueses", nomeadamente em contexto escolar, mas também numa vigilância e assistência reforçadas. Em Portugal só há nadadores-salvadores durante a época balnear, que, por sua vez, não arranca ao mesmo tempo em todas as praias. Mas Alexandre Tadeia considera que é necessário seguir o exemplo de outros países - como os Estados Unidos - e garantir assistência todo o ano, ainda que de formas diferentes: “fora do verão, por exemplo, só com uma viatura e um nadador e no verão com uma presença mais efetiva, com motores de vigilância”.

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