Dos Estados Unidos à China. Caos no aeroporto de Lisboa está longe de ser caso único

5 jul 2022, 18:00
Aeroporto

Falta de pessoal, muita procura e greves terão levado a isto. Os passageiros das viagens aéreas têm de ter muita paciência por estes dias

De Londres a Sydney, os dias caóticos nos aeroportos repetem-se. A crise no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, está longe de ser caso único. Tal como a TAP, outras companhias de referência enfrentam problemas para continuar a operar.

É o caso de aeroporto de Olso, na Noruega, que segundo o website Flightaware já confirmou o cancelamento de 127 voos só para esta terça-feira, uma percentagem que ronda os 20% dos voos programados de e para a cidade.

Além de 78 cancelamentos, o aeroporto internacional X’ian Xianyang, o maior do oeste da China, é o mais afetado nos atrasos, com mais de 300 voos a partirem mais tarde, numa percentagem equivalente a 35% dos voos programados. De resto, a China é mesmo o país mais afetado, com sete dos aeroportos com maiores percentagens de cancelamentos.

A situação em Oslo estende-se a Copenhaga e Estocolmo, o que catapulta a Scandinavian Airlines - SAS (multinacional operada em conjunto por Noruega, Dinamarca e Suécia) para o segundo lugar das companhias aéreas mais afetadas em todo o mundo – teve 236 voos cancelados só esta terça-feira, uma percentagem de 78% dos voos previstos, o que significa que apenas um em cada cinco voos foram realizados.

Na Europa, segue-se a KLM, companhia aérea dos Países Baixos que já enfrenta uma crise há mais tempo, e cujos atrasos no aeroporto de Amesterdão já são de várias semanas. Só esta segunda-feira já foram 33 os voos cancelados de e para aquele aeroporto.

Ainda esta segunda-feira, um passageiro deu conta da dificuldade no aeroporto de Schiphol, onde as autoridades tiveram mesmo de montar tendas improvisadas para colocarem as pessoas que estavam à espera.

A situação deve prolongar-se esta terça-feira, o que já levou o próprio aeroporto a alertar para os constrangimentos, referindo inclusivamente que os passageiros devem chegar quatro horas antes dos voos, quando o tempo normal para chegar antes do voo não costuma ser superior a duas horas e meia, em voos intercontinentais.

Caos no aeroporto de Amesterdão a 21 de junho

O mesmo cenário que se verificou em Colónia, por exemplo, onde um passageiro mostrou a longa fila que teve de esperar para ser atendido.

Já em Sydney, um conjunto de falta de pessoal, férias escolares e mau tempo provocou vários atrasos, sendo que muitos passageiros chegaram ao aeroporto para depois voltarem para trás. Naquele local, por exemplo, foram pelo menos 16 os voos cancelados, sendo que quase 300 sofreram atrasos. 

Falência na SAS

Se já se previa um início de semana mau para a SAS, tudo ficou pior com a greve desta terça-feira, que já levou mesmo a companhia aérea escandinava a abrir um processo de falência nos Estados Unidos. Uma greve dos seus 900 pilotos foi o motivo que espoletou esta decisão, com a empresa a pedir aos Estados Unidos proteção para a acelerar um plano de reestruturação com base no capítulo 11 da lei de falências daquele país.

A paralisação acabou por ir para a frente após empresa e pilotos não terem chegado a acordo sobre um aumento de salários, com o diretor-executivo da SAS a admitir que esse foi o ponto final numa situação já de si instável.

Em comunicado, a SAS garante que vai continuar a servir os seus clientes durante o processo de falência, mas, pelo menos esta terça-feira, isso será algo difícil de fazer.

O caso dos Estados Unidos

Esta é uma situação que se tem repetido nos últimos dias, e que muitas companhias aéreas temem que vá continuar no verão. É o que temem os norte-americanos, que num fim de semana prolongado se depararam com o caos nos aeroportos. De quinta a domingo foram mais de dois mil os voos cancelados de, para e entre os Estados Unidos, que viram ainda mais de 12 mil voos sofrerem atrasos.

Embora o mau tempo tenha sido uma das razões, a falta de profissionais da aviação, nomeadamente pilotos, contribuiu de forma decisiva para mais um fim de semana de constrangimentos.

Este foi o terceiro fim de semana seguido em que houve um pico no número de voos cancelados, depois de o mesmo ter acontecido por ocasião do Memorial Day e do Dia do Pai.

A complicar a situação esteve um piquete de greve dos pilotos da Delta Airlines, que exigem melhores condições de trabalho, queixando-se que estão a fazer horas a mais. Uma imagem que se tem repetido ao longo dos últimos dias.

Pilotos da Delta Airlines em piquete de greve a 30 de junho (Rick Bowmer/AP)

Segundo os dados da Administração de Segurança dos Transportes, a crise afetou 2,49 milhões de pessoas naquele país.

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