Empresários, políticos e técnicos querem trazer novo aeroporto para a margem norte do Tejo

11 set 2022, 21:06

Além de Montijo e Alcochete há agora dois projetos em cima da mesa, e que serão debatidos nas reuniões entre PS e PSD como soluções para o novo aeroporto: Alverca e Santarém

António Costa prepara-se para anunciar em breve ao País o que será feito em relação ao novo aeroporto de Lisboa. E se já é certo que vai avançar com um estudo para comparar as várias opções, chamado Avaliação Estratégica Ambiental, a decisão sobre os locais que serão incluídos está ainda a ser discutida, nomeadamente com o PSD, partido com o qual Costa quer um acordo para a construção do aeroporto.

Do lado dos sociais-democratas, apurou a CNN Portugal, estão em cima da mesa dois novos locais além de Montijo e Alcochete - as escolhas de Pedro Nuno Santos. Esses novos locais são Alverca e Santarém. O primeiro resulta de um projeto de um grupo de engenheiros que tem, nos últimos anos, entregue vária documentação ao Governo. Já o segundo assenta num consórcio que integra o dono da Barraqueiro, Humberto Pedrosa e recorre a investimento privado.

Os dois grupos apresentaram os seus projetos ao Executivo e mais recentemente ao novo líder do PSD e a sua inclusão no estudo comparativo do qual sairá a decisão final será debatida nos encontros entre António Costa e Luís Montenegro sobre o assunto.  

"Mais de 85% da população que procura o aeroporto é da margem norte"

Enquanto isso, surgem cada vez mais políticos, empresários e técnicos a defender que o novo aeroporto seja antes construído na margem norte do Tejo. “Não faz sentido que seja na margem sul, quando mais de 85% da população que o procura é na margem norte”, sublinha o socialista João Cravinho, para quem a melhor solução até “seria a Ota”. “O aeroporto é uma medida de desenvolvimento estrutural do País e tem de ser um investimento âncora para o desenvolvimento do território”, refere ainda o antigo ministro da Obras Públicas, considerando que, por isso, faz mais sentido colocá-lo no norte do Tejo, onde estão passa a linha do norte e a Alta Velocidade. Segundo o socialista, a decisão de o construir no Sul foi apenas resultado de “uma imposição de interesses locais” devido a “especulação imobiliária”.

Também o socialista e presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, apela ao Governo para que desista da ideia inicial e opte pela margem norte, “É um erro completo fazer o aeroporto no sul”, diz, lembrando que o investimento terá de ser muito maior e mais complexo por não haver as ligações de acessibilidade que há na zona norte.  “ Depois dos atropelos na decisão e de António Costa ter revogado o decreto do ministro Pedro Nuno Santos que e avançava para a margem sul do Tejo, abriu-se a porta a novas oportunidades, nomeadamente a de colocar o aeroporto na margem norte”, conclui, explicando que além do novo aeroporto, o Executivo devia permitir que a base área de Monte Real fosse usada também pela  avião civil. "A zona centro é a única do país que não tem um aeroporto regional”, sublinha o autarca.

Barraqueiro com projeto para Santarém

Ao mesmo tempo que alguns políticos têm surgido a defender o aeroporto na margem sul, foi conhecido o projeto de um grupo de empresários que o começou a montar há três anos. Entre os empresários está Humberto Pedrosa, dono do grupo Barraqueiro.

Por o aeroporto se situar a mais de 75 quilómetros da Portela, está fora da zona de concessão, o que significa que não teria de ser feito pela  Vinci, concessionária do aeroporto de Lisboa. No entanto, segundo apurou a CNN Portugal junto de fontes ligadas a este grupo de Santarém, a ideia é o aeroporto ser "todo financiado com investimento privado, nacional e estrangeiro".

O projeto do aeroporto tem três pistas paralelas, que seriam criadas consoante as necessidades. Ou seja, estão previstos vários cenários de acordo com o crescimento de tráfego. A ideia é começar com um aeroporto regional de uma pista até aos 10 milhões de passageiros por ano e depois ir crescendo até atingir as três pistas e os 100 milhões de passageiros. Os custos do investimento inicial, segundo a mesma fonte, “pode ser inferir a um bilião de euros”.

Alverca e Lisboa ligadas por comboio elétrico

O outro projeto do norte do Tejo que poderá vir a ser incluído no estudos de avaliação é o de Alverca, que foi desenvolvido por um grupo de peritos, incluindo Carmona Rodrigues: “Estamos há vários anos a fazer este projeto em Alverca que tem todas as condições para receber o novo aeroporto e é muito perto da Portela”, diz à CNN Portugal Carmona Rodrigues, explicando que este aeroporto teria a vantagem devido à sua localização de se cruzar com a linha do norte e da alta velocidade.

Além disso, nota José Furtado, outros dos peritos que integra o grupo, a ideia é juntar a Portela e Alverca num só aeroporto com dois terminais ligados por um comboio elétrico. A estrutura pode ter até quatro pistas . “Os voos de longo curso ficavam fora da Portela, ao contrário da opção Montijo que os mantém lá”, diz o especialista, acrescentando: “O aeroporto tem de ser feito tendo em conta o mercado que temos. E além dos portugueses que estão na sua maioria na margem norte, o turismo em Lisboa é maioritariamente europeu e de curta duração. Por isso, o aeroporto tem de ser perto da cidade”.

António Costa terá de em breve tomar uma decisão sobre os locais que serão avaliados. Ou mantém a avaliação aos três locais: Portela, Montijo e Alcochete ou alarga a outras opções, estas no norte do Rio Tejo. Sendo certo que a decisão vai obrigar a atrasar o processo pois é necessário fazer estudos comparativos das várias localizações. Mas todos os dias, aumentam os custos devido ao atraso da decisão sobre o novo aeroporto de Lisboa.

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