"Vergonha", "incompetência de todos", "sejam responsáveis pelas asneiras": advogado de Azeredo Lopes indignado

7 jan 2022, 13:10

Apesar de o seu cliente ter sido absolvido de todas as acusações no caso Tancos, Germano Marques da Silva surgiu indignado no fim do julgamento: arrasou a Polícia Judiciária, o Ministério Público e o juiz de instrução e despediu-se assim de Santarém, onde a sentença foi lida: "E agora tenho de ir trabalhar para recuperar três anos perdidos"

O advogado de Azeredo Lopes criticou esta sexta-feira Ministério Público e Polícia Judiciária na investigação do caso de Tancos. Para Germano Marques da Silva, que representou o ex-ministro, absolvido de quatro crimes, a forma como o processo foi conduzido até à fase de julgamento foi "uma vergonha".

À saída do Tribunal de Santarém, onde foi lido o acórdão que condenou a prisão efetiva três dos 23 arguidos, o jurista disse que houve "incompetência de todos os que intervieram no processo até ao início do julgamento, não deixando de fora Ministério Público, Polícia Judiciária e juiz de instrução".

"Quando se fala em reformar a Justiça, penso que não é preciso reformar os códigos. É preciso é exigir que as pessoas que intervêm sejam competentes e sejam responsáveis pelas asneiras que fazem", acrescentou.

Germano Marques da Silva afirmou não saber se existem motivações políticas, mas referiu que, desde que tomou conta do processo, percebeu que "não havia qualquer elemento de prova naquele processo, que tudo eram construções fantasiosas e a justiça não se faz assim, nem a lei permite que se faça assim".

"O problema não é da lei, é das pessoas que a aplicam", declarou, antes de dizer que perdeu três anos no processo em causa.

Antes do advogado, foi o próprio Azeredo Lopes a querer falar. Numa breve declaração de dois minutos, o ex-ministro da Defesa afirmou que sai do processo como entrou: de "cabeça levantada", dizendo também que o Ministério Público e o coletivo de juízes comprovaram que sempre disse a verdade.

A sessão desta sexta-feira marca o fim de um processo longo e que teve vários episódios caricatos, desde o desaparecimento de armas de uma instalação do Exército até ao aparecimento das mesmas, meses mais tarde, tendo sido encontradas mais armas do que as que tinham sido declaradas como roubadas.

Dos 23 arguidos, apenas João Paulino, João Pais e Hugo Santos, três dos membros do grupo que realizou o assalto, foram condenados. O primeiro, considerado cabecilha da operação, vai cumprir uma pena de prisão efetiva de oito anos pelos crimes de terrorismo e tráfico de droga, os mesmos de Hugo Santos, que foi condenado a sete anos e meio. Já João Pais foi condenado a cinco anos de prisão por terrorismo.

Do caso saíram ainda as absolvições de três membros da Polícia Judiciária Militar (PJM) e de três militares da GNR à data dos factos.

O major Vasco Brazão, à data porta-voz da(PJM, foi condenado a cinco anos com pena suspensa, enquanto o coronel Luís Vieira, à data diretor daquela polícia, acabou condenado a quatro anos com pena suspensa. O major Pinto da Costa, igualmente da PJM, também foi condenado a cinco anos com pena suspensa.

Já o sargento Lima Santos, da GNR de Loulé, foi condenado a cinco anos de pena suspensa. Também daquela força de segurança, os militares Bruno Ataíde e Laje de Carvalho foram condenados a três anos de pena suspensa.

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