Hipocondríaco com medo de perder a voz. Segredos sobre Hitler divulgados 77 anos após a morte

5 jun 2022, 17:03
Adolf Hitler (AP)

São informações descobertas através das cartas que o seu otorrino, Carl Otto von Eiken, escrevia à prima, Marie Steneberg. Foram recentemente encontradas por Robert Doepgen, seu tetraneto

Muitos são aqueles que desejam mudar o mundo, mas poucos são os que de facto têm oportunidade para tal. A história de Carl Otto von Eiken é um exemplo de alguém que teve esse poder: foi otorrinolaringologista de Adolf Hitler durante dez anos. Durante esse tempo tratou-o várias vezes e operou-o. Teve a vida do ditador nas mãos.

O que poucos sabem acerca de Hitler é que o ditador alemão era hipocondríaco. Tinha muito medo de estar doente e, acima de tudo, medo da morte.

De acordo com o jornal alemão NZZ, em maio de 1935, Hitler achava que estava doente. A suspeita? Cancro na garganta. 

Por isso, no dia 15 do mesmo mês, Carl Otto von Eiken, um médico extremamente conceituado, foi chamado para examinar as cordas vocais do ditador: “Se há algo de errado comigo eu tenho de saber”, contou Hitler ao médico.

Este testemunho, que é, no fundo, um pedaço de história, foi registado através de cartas escritas pelo médico à sua prima, Marie Steneberg, que foram recentemente encontradas por Robert Doepgen, seu tetraneto, durante uma pesquisa nos arquivos da família para um projeto escolar.

Adolf Hitler foi diagnosticado com um pólipo de aproximadamente um centímetro, que foi removido por Carl Otto von Eiken na chancelaria do Reich. Uma operação que ocorreu sem qualquer percalço a 23 de maio de 1935.

É aqui que se percebe o poder que o médico tinha nas suas mãos. Um corte de mais uns milímetros ou no local errado e o então führer alemão não teria sobrevivido.

Isso não aconteceu, porque, segundo o tetraneto do médico, Carl Otto von Eiken era uma pessoa sem noções políticas, que não refletia acerca do que se passava à sua volta. Vivia na sua bolha.

O ditador percebeu desde cedo que a sua voz era um instrumento de poder, sendo uma das ferramentas que mais valorizava. Inclusive, no seu livro Mein Kampf, pode ler-se a seguinte passagem: "Sei que todos os grandes movimentos nesta terra devem o seu crescimento a grandes oradores e não a grandes escritores". No entanto, havia um problema. Hitler sofria de rouquidão e, por ser hipocondríaco e ter medo de perder o seu poderoso instrumento, ao longo dos anos foram várias as consultas e reuniões com o otorrino.

Assim, seguiram-se dez anos de uma relação onde, segundo as cartas, parece ter-se desenvolvido alguma cumplicidade. Hitler estava extremamente satisfeito com o médico e confiava plenamente nele, enquanto Carl Otto parecia olhar para o paciente com algum carinho.

Foram tratadas dores de garganta, tímpanos, amigdalites, entre outras doenças. Mas tudo acabou a 30 de abril de 1945, quando o ditador tirou a própria vida. 

É aqui que entra a última tarefa do fiel médico: apesar de ter sido cremado, os dentes de Hitler foram preservados para provar a sua morte. Deram-nos a Carl Otto von Eiken, que os entregou ao dentista do político alemão. Foi o cessar de uma história que durou dez anos.

Um dia, questionado sobre o porquê de não ter matado Hitler, o otorrino respondeu que "era o seu médico, não o seu assassino".

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