O mistério da "mulher do baú" foi, finalmente, desvendado. Há 53 anos que ninguém sabia o que tinha acontecido a Sylvia

CNN , Lauren Mascarenhas
31 mai 2023, 22:24
Baú foi encontrado numa área arborizada em 31 de outubro de 1969. St. Petersburg Police Department/Facebook

Foi encontrada morta na noite de Halloween de 1969. O caso foi seguido durante décadas por detetives amadores e jornalistas, mas foi apenas resolvido devido a uma análise de ADN

Depois de a polícia ter encontrado um corpo num baú preto numa zona arborizada da Florida, EUA, há 53 anos, o mistério da "mulher do baú" tornou-se um caso arquivado (caso não resolvido) que chamou a atenção do público durante décadas. Usando provas de ADN, a polícia identificou agora a vítima como Sylvia June Atherton, mãe de cinco filhos, de Tucson, Arizona.

Na noite de Halloween de 1969, a polícia de São Petersburgo foi chamada a uma área por detrás do que era então um restaurante, chamado Oyster Bar, disse o subchefe Michael Kovacsev em conferência de imprensa na terça-feira. Segundo Kovacsev, duas crianças relataram ter visto dois homens brancos numa carrinha a descarregar o baú no terreno e a sair.

Quando os agentes abriram o baú, encontraram o corpo de uma mulher, embrulhado num grande saco de plástico. Tinha ferimentos visíveis na cabeça e estava parcialmente vestida, com a parte de cima do pijama. De acordo com as autoridades, ela tinha sido estrangulada com uma gravata "bolo" [dois cordões presos com um fecho ornamental].

Os investigadores não conseguiram identificar a mulher e ela foi enterrada como "Jane Doe" no Cemitério Memorial Park de São Petersburgo.

Os investigadores não conseguiram identificar a mulher e ela foi enterrada como “Jane Doe” [desconhecida] no cemitério de São Petersburgo.

O mistério da "mulher do baú", como ficou conhecido, foi seguido por programas televisivos, por jornalistas e detetives amadores ao longo dos anos, mas, mesmo depois de o seu corpo ter sido exumado em 2010, os investigadores não conseguiram resolver o caso. As amostras de dentes e ossos que recolheram estavam demasiado degradadas.

Mas quando uma amostra do cabelo e da pele da vítima, recolhida durante a autópsia original, apareceu este ano, o detetive Wally Pavelski dos "casos arquivados" enviou-a para um laboratório para testes de ADN e a polícia identificou, finalmente, Sylvia. Tinha 41 anos quando morreu.

"Ela tem um nome agora, ao fim de 53 anos. A família tem uma resposta", argumentou Kovacsev.

Uma família ainda à procura de respostas

Pavelski localizou uma das filhas de Sylvia, Syllen Gates.

"Foi chocante, porque já tinham passado tantos anos", assumiy Syllen, que participou desde a Califórnia, na conferência de imprensa, por videochamada. "Não fazíamos ideia do que lhe tinha acontecido."

Syllen tinha cerca de cinco anos quando sua mãe trocou Tucson por Chicago em 1965. De acordo com a polícia, Sylvia partiu com o marido, Stuart Brown, e três dos seus filhos: Kimberly Anne Brown, o filho adulto Gary Sullivan e a filha adulta Donna Lindhurst - juntamente com o marido desta, David Lindhurst.

Syllen e o seu irmão de 11 anos ficaram em Tucson com o pai, ex-marido de Sylvia.

"Pensámos que um dia teríamos notícias, mas a vida continua. Eu era jovem", lembrou Syllen. "É um triste alívio tê-la finalmente encontrado. É claro que é uma maneira terrível de morrer - apenas alguns anos depois de ela ter mudado de Estado."

Gary Sullivan, o irmão adulto, acabou por regressar a Tucson. Syllen usou o site ancestry.com para tentar encontrar a mãe e as irmãs, mas sem sorte. E nunca tinha ouvido falar do caso da "mulher do baú" até ser contactada pelo agente Pavelski.

O companheiro da mãe, Stuart Brown, morreu em 1999, em Las Vegas. Ele nunca deu Sylvia como desaparecida e não incluiu o seu nome nos pedidos de falência, indicou Kovacsev.

Mas ainda há perguntas por responder. É que embora a polícia saiba agora o nome da vítima, ainda não sabe quem matou Sylvia.

"É aqui que entram os detetives amadores", apelou Kovacsev. "É a eles que pedimos ajuda para juntar as peças."

A polícia diz que as duas filhas que deixaram Tucson com Sylvia ainda não foram localizadas. Kimberly Anne Brown, que tinha cerca de cinco anos na altura do desaparecimento, e Donna Lindhurst, que tinha cerca de 20 anos, podem ter informações que possam ajudar, considerou a polícia.

"Gostaríamos que o caso fosse resolvido. Gostaríamos de descobrir quem fez isto - e também de encontrar as minhas irmãs", disse Syllen. "Essa é a minha esperança. Talvez isto se espalhe, talvez elas ouçam e talvez as consigamos localizar."

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