Por que é que Trump está tão focado na Venezuela?

CNN , Jennifer Hansler
17 out, 11:21
Venezuela

As tensões estão a escalar entre Washington, DC e Caracas, uma vez que a administração Trump tem sinalizado cada vez mais que poderá usar meios militares para pressionar o presidente venezuelano Nicolás Maduro a abandonar o poder.

O presidente dos EUA, Donald Trump, não afirmou explicitamente que está a tentar derrubar Maduro. No entanto, não seria a primeira vez que Trump ou membros do seu gabinete procurariam ver uma mudança de liderança em Caracas.

Durante o seu primeiro mandato, Trump reconheceu o líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, como presidente da Venezuela, depois de Maduro ter sido empossado para um segundo mandato que os EUA, dezenas de outros países e a oposição venezuelana denunciaram como ilegítimo.

O reconhecimento, em janeiro de 2019, provocou uma rápida rutura diplomática entre Washington, DC e Caracas.

Maduro, acusando os EUA de apoiarem um golpe, cortou relações diplomáticas com a administração, encerrou a embaixada e todos os consulados da Venezuela nos Estados Unidos e emitiu um ultimato para que o pessoal norte-americano deixasse o país. Horas depois, o Departamento de Estado dos EUA ordenou a saída de todos os diplomatas não essenciais do país. Menos de dois meses depois, os EUA retiraram o restante pessoal diplomático e suspenderam as operações na sua embaixada em Caracas.

A administração impôs uma série de sanções ao regime de Maduro durante o primeiro mandato. Em 2020, o Departamento de Justiça de Trump acusou Maduro de envolvimento em “narcoterrorismo” e ofereceu uma recompensa de 15 milhões de dólares (13,95 milhões de euros) pela sua captura.

Em janeiro de 2019, o então conselheiro de segurança nacional John Bolton afirmou que “todas as opções” estavam em cima da mesa, incluindo o uso da força militar.

O atual secretário de Estado, Marco Rubio, considerado o principal arquiteto da política da administração Trump para a Venezuela, tem há muito denunciado o regime de Maduro e apoiado a oposição venezuelana.

Em abril de 2019, quando ainda era senador pela Florida, Rubio classificou o governo de Maduro como “um grupo criminoso transnacional” e afirmou que “a crise” no país não era “uma tentativa de provocar uma ‘mudança de regime’ ou de interferir nos assuntos internos de outro país”, mas sim uma questão relacionada com “sérias ameaças à nossa segurança nacional colocadas pelo tráfico de droga” e pela influência russa e iraniana.

“Maduro e os seus comparsas não são políticos motivados pelos interesses nacionais de um país, são criminosos motivados pelo desejo de manter as suas fontes ilegais de rendimento”, publicou Rubio na rede social X na altura. “Devemos considerar todas as opções disponíveis para pôr fim às suas lucrativas atividades criminosas.”

Membros das forças armadas venezuelanas patrulham a Ponte Internacional Simón Bolívar, na fronteira Colômbia-Venezuela, vista de Villa del Rosario, na Colômbia, a 16 de outubro, após declarações dos Estados Unidos sobre possíveis operações terrestres com apoio da CIA. (Schneyder Mendoza/AFP/Getty Images)

Mais de seis anos depois, muito parece igual.

Maduro manteve-se no poder, alegando novamente vitória numa eleição em 2024, denunciada pela comunidade internacional como ilegítima.

Embora tenha havido um envolvimento limitado entre os governos de Maduro e Trump, os laços diplomáticos formais permanecem cortados.

No entanto, a ameaça do uso da força militar está muito mais presente.

A administração Trump afirmou que a sua estratégia é combater o narcotráfico, mas alguns responsáveis reconheceram que esta também poderia servir como meio de retirar Maduro do poder.

Os EUA deslocaram dezenas de meios militares para o Caribe e realizaram ataques militares letais a pelo menos cinco embarcações de droga alegadamente ligadas a cartéis e organizações criminosas que a administração designou como organizações terroristas estrangeiras.

A administração Trump aumentou a recompensa por Maduro para 50 milhões de dólares (46,5 milhões de euros).

Na quarta-feira, Trump confirmou que tinha autorizado a CIA a operar dentro da Venezuela, mas com a justificação que era para combater o contrabando de droga.

“Temos muitas drogas a entrar da Venezuela, e muitas das drogas venezuelanas chegam por via marítima, por isso conseguem ver isso, mas vamos pará-las também por terra”, esclareceu no Salão Oval.

“O presidente Trump acredita que Nicolás Maduro é um presidente ilegítimo que lidera um regime ilegítimo que tem traficado drogas para os Estados Unidos da América há demasiado tempo, e não vamos tolerar isso”, afirmou na quinta-feira a porta-voz da Casa Branca, Karoline Levitt.

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