Acordo de Paris cada vez mais difícil de alcançar. Ambientalistas alertam que janela para limitar aumento da temperatura “está a fechar-se rapidamente”

Agência Lusa , DCT
29 set 2022, 07:05
Alterações climáticas (Pexels)

No caso de Portugal, a redução de emissões teria de ser de pelo menos 61% até 2030 relativamente aos níveis de 2005, em vez dos atuais 55% previstos na Lei de Bases do Clima.

A associação ambientalista Zero alertou esta quinta-feira que a janela para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C, de acordo com o Acordo de Paris, está a fechar-se, mas a União Europeia pode cumprir o objetivo se mudar metas.

“A janela para os 1,5°C ainda está aberta, mas está a fechar-se rapidamente, pelo que é necessária ação climática urgente”, refere a associação em comunicado, em que cita um relatório recentemente divulgado da Climate Analytics.

De acordo com o relatório, as políticas da União Europeia (UE), incluindo a recente estratégia “REPowerEU”, não são suficientes, mas se alterar algumas metas pode cumprir o Acordo de Paris e alguns dos seus objetivos mesmo antes do prazo previsto.

“Para limitar o aumento de temperatura média em 1,5°C, a UE deveria ter como meta a redução das suas emissões líquidas entre 66% e 77% até 2030, relativamente aos níveis de 1990, em vez dos atuais 55%”, refere o comunicado.

De acordo com a Zero, essa ambição é “técnica e economicamente possível” se houver também um aumento rápido da energia renovável, assente sobretudo nas energias eólica e solar, nas próximas décadas.

No caso de Portugal, a redução de emissões teria de ser de pelo menos 61% até 2030 relativamente aos níveis de 2005, em vez dos atuais 55% previstos na Lei de Bases do Clima.

A associação ambientalista sublinha ainda que “a transição para um sistema energético mais eletrificado e eficiente permite a rápida eliminação dos combustíveis fósseis do sistema energético”.

O objetivo é que com as energias renováveis forneçam entre 48% a 54% da procura de energia final até 2030, e entre 92% a 100% da procura de energia final até 2050.

A Zero refere também a introdução de hidrogénio verde para descarbonizar setores de difícil redução de emissões, como o transporte a longas distâncias, aéreo e marítimo, como uma das mudanças compatíveis com o objetivo de 1,5°C para cumprir o Acordo de Paris.

Outro elemento-chave é a “rápida eletrificação dos processos industriais, de aquecimento e dos transportes, baseada num rápido aumento da capacidade solar fotovoltaica e eólica, e atingindo um sistema energético completamente renovável até 2040”.

Segundo o relatório da Climate Analytics, citado pela Zero, seria suficiente aumentar em 25% a atual capacidade instalada para a UE implementar estas medidas.

No entanto, a associação insiste que, apesar já haver ferramentas disponíveis e prontas a ser postas em prática, “a ação climática da UE não está em linha com o nível de ambição que é necessário para cumprir o Acordo de Paris”.

Referindo em concreto a estratégia “REPowerEU”, afirmam que as ações previstas se mantêm entre 280 e 770 milhões de toneladas de dióxido de carbono e que teriam de ser reduzidas para que as metas climáticas da UE sejam compatíveis com o limite do aumento da temperatura a 1,5°C.

A Zero refere ainda que todos os cenários compatíveis com esse objetivo previstos no relatório foram desenvolvidos antes da guerra na Ucrânia e da consequente crise energética.

“No contexto atual, as energias renováveis são ainda mais custo-eficazes do que nos cenários analisados, e a lógica para o seu rápido desenvolvimento é ainda mais forte”, sublinham.

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