Covid-19: China repensa estratégia de “zero casos” face a crescente pressão económica

Agência Lusa , BCE
17 fev 2022, 21:12
China

Vários economistas alertaram para a divergência nas estratégias de controlo da covid-19, à medida que os países ocidentais levantam todas as restrições, o que pode colocar a China numa posição de desvantagem comparativa, social e economicamente

Várias equipas na China estão a analisar uma melhor forma de o país gerir a pandemia, disse esta quinta-feira um proeminente epidemiologista chinês, numa altura em que a abordagem “zero casos” está a gerar crescente impacto económico e social.

Wu Zunyou, epidemiologista-chefe do Centro Chinês de Controlo e Prevenção de Doenças, afirmou que os investigadores “serão certamente capazes” de delinear novas estratégias no curto prazo, observando que estão a “pensar e planear ativamente”.

Medidas de controlo aperfeiçoadas seriam diferentes da atual política de tolerância zero, que envolve o confinamento de distritos e cidades inteiras assim que é detetado um surto.

Durante um fórum no Instituto Chongyang para Estudos Financeiros, da Universidade Renmin, Wu acrescentou que é improvável que a China simplesmente suspenda todas as restrições, à semelhança do que os países europeus e os Estados Unidos estão a fazer.

Qualquer mudança colocaria as “pessoas e as vidas em primeiro lugar”, permitindo, ao mesmo tempo, que a China interaja melhor com a comunidade internacional e proteja o seu próprio desenvolvimento económico, apontou.

Vários economistas alertaram para a divergência nas estratégias de controlo da covid-19, à medida que os países ocidentais levantam todas as restrições, o que pode colocar a China numa posição de desvantagem comparativa, social e economicamente.

“Temos empresas privadas e trabalhadores independentes sob enorme pressão", alertou Wu.

A China aprovou, no sábado, o Paxlovid, tratamento antiviral contra a covid-19 desenvolvido pela Pfizer, para uso emergencial.

A notícia suscitou especulações sobre se a aprovação era um sinal de que a China vai adotar tratamentos e vacinas estrangeiras, algo que não tinha feito até à data, e relaxar assim as suas rígidas políticas de combate à doença covid-19.

Especialistas questionam a eficácia das vacinas chinesas contra a variante Ómicron, mas a China evitou grandes surtos do novo coronavírus com um regime de bloqueios, testes em massa e restrições nas viagens.

O regulador de aviação da China avançou também, esta semana, que está focado em restaurar as viagens aéreas internacionais entre 2023 e 2025.

A China autoriza apenas um voo por cidade e por companhia aérea, o que reduziu o número de ligações aéreas internacionais em 98%, face ao período pré-pandemia.

Quem chega ao país tem que cumprir uma quarentena de até três semanas, num hotel designado pelo governo.

As autoridades exigem ainda a apresentação do certificado negativo dos testes serológicos tipo IgG e IgM e o teste de ácido nucleico PCR. Quem testa positivo ou acusa anticorpos para o coronavírus é impedido de embarcar.

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