Na Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António já há 40 hectares plantados
A Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT) conclui que é proibido plantar abacateiros na Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António.
A decisão, a que a CNN Portugal/TVI tiveram acesso, contraria um parecer favorável do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) que chegou a permitir a plantação de abacateiros na mesma reserva natural.
Os abacateiros são uma espécie de árvore que, segundo vários especialistas, consome muita água e que tem gerado polémica por ser cada vez mais comum no Algarve.
A queixa que motivou a ação da IGAMAOT foi feita pela associação ambientalista Zero, que não compreendia como tinha sido possível plantar 40 hectares de árvores para produzir abacates em plena reserva natural à beira do rio Guadiana.
O processo aberto pela IGAMAOT confirma que existe um problema e diz que "conclui-se pela impossibilidade de plantação de abacateiros na área da Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e de Vila Real de Santo António". Em causa o plano de ordenamento da referida reserva, que desde 2008 proíbe a introdução de espécies exóticos na área protegida.
O problema é que outra entidade pública, o ICNF, deu há poucos anos um parecer favorável a parte destas plantações de abacateiros, algo inaceitável para José Paulo Martins, ambientalista da Zero: "É incompreensível como é que a autoridade nacional para a conservação da natureza aprovou uma cultura que contraria uma conservação eficaz da reserva natural", defende José Paulo Martins, ambientalista da Zero.
A nova decisão da IGAMAOT surpreende a empresa Tropical Concept, dona dos 40 hectares preparados para a produção de abacates, que recorda a primeira decisão favorável do ICNF.
A conclusão da inspecção-geral obriga mesmo o ICNF a considerar nula a primeira decisão de aprovar a plantação de abacateiros e a prometer repor tudo como estava antes.
Se for notificada para arrancar as árvores, o gestor da empresa, Tomás Gouveia, promete "ir até às últimas instâncias": sublinha que investiu um milhão e meio de euros na plantação das árvores e existem 30 trabalhadores que dependem desta produção de abacates.