Jessica Chastain à CNN Portugal: “Ninguém é imparável, mas sinto-me muito afortunada com o que se passa na minha carreira”

28 jan 2022, 15:49

Antes de chegar às salas, “355” já era um filme contracorrente porque as protagonistas são donas do filme; foram elas que conseguiram financiamento no Festival de Cannes de 2018 e depois puseram a produção em marcha. Por outro lado, só há mulheres nos principais papéis, o que ainda está longe de ser normal nas histórias de espionagem que se contam no Cinema.

No princípio do thriller de espionagem no feminino, esteve Jessica Chastain, que não só lançou a ideia como escolheu o resto do elenco e ainda decidiu os locais da rodagem que vão de Washington a Xangai, passando por Londres, Paris e Marrocos. Para o caso de ainda haver dúvidas, aqui está a evidência (mais uma) de que a atriz não se fica pela representação.

À frente das câmaras, Chastain tem mostrado que gosta de variar nos géneros e de trabalhar com realizadores muito diferentes, mas, como produtora, está cada vez mais empenhada em ajudar a fazer filmes e séries. Não admira, por isso, que as coprotagonistas de “355” Lupita Nyong’o e Diane Kruger falem dela com admiração.

À CNN Portugal, Jessica Chastain diz que “ninguém é imparável”. Mas, olhando para o que tem feito e já anunciou que vai fazer, imparável é um dos adjetivos que melhor lhe assenta aos 44 anos.

“355” é uma abordagem refrescante sobre as mulheres no mundo da espionagem. O que a entusiasmou mais neste projeto?
Esse entusiasmo teve tantos aspetos, mas o número 1 foi a ideia de as artistas serem proprietárias do trabalho. As atrizes são donas do filme. Nós conseguimos financiamento através das vendas para o estrangeiro em Cannes e, nesse sentido, vendemos os direitos de distribuição, mas somos as donas do filme. Isso é algo chocante numa indústria que desvaloriza as mulheres há tanto tempo e que agora tem mulheres que são patroas.

O grupo de protagonistas mostra muita química no ecrã. Até que ponto era próxima da Diane Kruger, da Penelope Cruz ou da Lupita Nyong’o antes deste filme?
Todas elas são mulheres com quem queria trabalhar e que já adorava. Conhecia-as antes em eventos. Já sabia que eram muito simpáticas e que gostava de estar com elas. Estive no júri do Festival de Cannes com a Bingbing Fan, foi lá que a conheci… E claro que já era uma grande fã do trabalho de todas elas e que não tem paralelo porque está no topo do que a nossa indústria produz. Por isso, foi um sonho não só lançar a ideia e pensar no filme e a forma de fazê-lo, mas também pude escolher o elenco e os locais da rodagem… Tudo isso criou uma experiência na rodagem que nunca tinha tido antes.

Como escolhe os seus papéis? Vemo-la aqui com heroína de ação, mas já a vimos a fazer dramas, ficção científica, terror, thrillers…
Penso que há aí um pouco de rebeldia… Ao crescer nesta indústria, reparei que as atrizes em particular só trabalhavam num único género. Não faziam misturas, mas eu queria trabalhar em tudo. Foi por isso que logo a seguir ao “Tree of Life” (2011) fiz um filme de terror (“Mama”, 2013). Quis confundir o público e a indústria sobre o que podiam fazer comigo.

Apesar da pandemia, 2021 foi um ano excecional para si. Imparável é uma boa palavra para descrevê-la nesta fase da sua carreira?
Imparável… Não me chamaria isso, porque também tenho muita noção de que somos humanos e que há forças maiores que o indivíduo que podem parar qualquer um de nós. Ninguém é imparável, mas sinto-me muito afortunada com o que se passa na minha carreira neste momento…. É uma coisa estranha… Depois do ano e meio que tivemos, ter estes projetos a sair…. Estou muito grata pela oportunidade, porque sinto que estamos num tempo em que as pessoas precisam realmente de escapismo e conteúdo para as ajudar a livrarem-se da ansiedade provocada por tudo o que temos passado durante esta pandemia. Por isso, ao ter estes projetos a sair agora, fico feliz com a possibilidade de proporcionar isso a alguém. 

“355” já está em exibição nos cinemas portugueses.

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