Para o presidente da Assembleia da República, Mário Soares soube identificar o que separava os portugueses para construir o que os unia, sempre “com sensatez”
O presidente do parlamento considerou hoje que a liberdade do presente é o maior legado político do PS e de Mário Soares e defendeu que o 25 de Novembro de 1975 teve como grande conquista a “reconciliação”.
“Este nosso caminho histórico, este chão comum que construímos, só foi possível porque nos tornámos livres, porque pudemos escolher. É a grande conquista do 25 de Novembro: A reconciliação do país com o espírito originário e autêntico da liberdade nascida a 25 de Abril”, sustentou José Pedro Aguiar-Branco no discurso que proferiu na sessão solene do 25 de Novembro de 1975.
Para o antigo ministro social-democrata, a liberdade e a possibilidade de escolher “é também o maior legado político de Mário Soares e do PS”.
“Digo-o como militante de outro partido, como admirador confesso de Francisco Sá Carneiro, político e estadista que tenho como referência e inspiração na ação cívica e política. Digo-o como presidente desta Assembleia, mas, sobretudo, como português”, acentuou.
Na sua intervenção, que antecedeu a do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, José Pedro Aguiar-Branco apontou que a operação militar de 25 de Novembro de 1975 foi feita por soldados.
“O 26 de novembro foi feito por políticos, com Mário Soares à cabeça. E do seu jeito único de quem fez uma vida inteira na política sem nunca ter tido como preocupação agradar a esta ou aquela a fação, muitas vezes, nem mesmo à sua. Soares foi fixe”, declarou, numa alusão ao slogan da campanha presidencial de 1986 do primeiro líder e fundador do PS. – uma referência que mereceu palmas da bancada socialista.
Para o presidente da Assembleia da República, Mário Soares soube identificar o que separava os portugueses para construir o que os unia, sempre “com sensatez”.
“Não sou dado a revisionismos históricos. No dia 25 de novembro tivemos mesmo vencidos e vencedores, mas, poucos meses depois, estavam vencidos e vencedores sentados nesta mesma Assembleia. Vencidos e vencedores que disputaram eleições, trocaram argumentos no plenário, evoluíram nas suas ideias”, declarou.
Nesse sentido, Aguiar-Branco concluiu que “o parlamento substituiu a rua na legitimidade da formação da vontade política de todo um povo que se revê nos seus representantes livremente escolhidos em eleições diretas e universais”.
“É esse o país que celebramos hoje. A todos os que construíram o país do 26 de novembro, o nosso reconhecimento cívico”, acrescentou.