Putin acusa Ocidente de iniciar "uma verdadeira guerra" contra a Rússia e de fazer da Ucrânia "refém" de um "plano cruel e egoísta"

9 mai 2023, 08:55

O presidente russo discursou na Praça Vermelha, depois do habitual desfile militar do Dia da Vitória

Vladimir Putin acusou o Ocidente de dar início a "uma verdadeira guerra" contra a Rússia. Ao mesmo tempo, o presidente russo continua a designar a invasão da Ucrânia como "uma operação militar especial" que, no seu entender, visa libertar o povo ucraniano do nazismo, que o Ocidente quer "levar ao domínio mundial".

No dia em que a Rússia celebra a derrota da Alemanha nazi em 1945 e o fim da Segunda Guerra Mundial, Putin subiu ao púlpito da Praça Vermelha, após o habitual desfile militar do Dia da Vitória, para declarou que o país enfrenta, "outra vez, uma verdadeira guerra".

O chefe de Estado russo voltou a acusar os líderes ocidentais de "russofobia" e de provocarem um "conflito sangrento", impulsionado por um "nacionalismo agressivo. Tudo isto enquanto a Rússia só quer "proteger os povos do Donbass através de uma operação militar especial", defendeu.

No entender do presidente russo, a Ucrânia tornou-se "refém de um golpe que levou a um regime criminoso liderado pelos seus mestres ocidentais". "Tornou-se um peão dos seus planos cruéis e egoístas", disse ainda. Não é a primeira vez que Putin utiliza esta mesma retórica para justificar a invasão russa da Ucrânia.

Depois de "honrar" os combatentes que "deixaram para sempre o seu nome à custa da coragem" para pôr fim à Segunda Guerra Mundial, Putin lembrou os que lutam agora na Ucrânia pelo futuro da Rússia. "A segurança do país está nas vossas mãos. O futuro do nosso Estado e do nosso povo depende de vocês", vincou.

"As vossas famílias, filhos e amigos estão à vossa espera. Tenho a certeza que vocês sentem o amor sem limites. Todo o país se uniu para apoiar os nossos heróis. Todos estão prontos para ajudar", acrescentou.

Ao mesmo tempo que Putin discursava, mísseis de cruzeiro explodiram sobre Kiev, depois de uma madrugada marcada por vários ataques aéreos russos sobre toda a Ucrânia. As autoridades ucranianas, citadas pela Reuters, adianta que o sistema de defesa aérea intercetou 23 dos 25 mísseis lançados contra Kiev naquela que foi a segunda noite consecutiva de intensos ataques russos.

O Dia da Vitória é uma das datas mais significativas do calendário da Rússia e Vladimir Putin utilizou este contexto para apelar ao apoio do povo e demonstrar o poderio militar da Federação Russa no habitual desfile militar.

(AP Photo/Alexander Zemlianichenko)

Vários líderes de Estados da antiga república soviética marcaram presença e assistiram ao desfile do Dia da Vitória, nomeadamente o presidente do Uzbequistão, Shavkat Mirziyoyev, o presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, e o primeiro-ministro da Arménia, Nikol Pashinyan.

Quem não esteve presente mas não quis deixar de demonstrar o seu apoio a Vladimir Putin foi o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, que enviou uma carta destinada ao presidente russo, divulgada pelos media estatais. De acordo com a agência de notícias KCNA, o líder norte-coreano escreve que "a vitória é uma tradição inerente da Rússia", assumindo que "a glória da vitória irá prosperar na história e ficar para sempre associada à Rússia, mesmo com o passar do tempo e com a mudança de gerações".

Kim Jong-un diz não ter dúvidas de que a Rússia vai "destruir todos os desafios e ameaças das forças hostis" e garantir a "soberania, dignidade e estabilidade regional" do seu país.

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