Covid-19: DGS divulga posição técnica para a vacinação de crianças entre os 5 e os 11 anos

9 dez 2021, 22:53
Vacinação contra a covid-19 crianças

Comissão Técnica disse que seria "prudente" aguardar por mais dados para universalizar a vacinação

A Direção-Geral da Saúde (DGS) divulgou esta quinta-feira a posição técnica que sustentou a recomendação da vacinação contra a covid-19 das crianças entre os 5 e os 11 anos. Diz aquela autoridade que a publicação deste documento é feita "com vista à necessária tranquilidade social neste processo".

A Comissão Técnica de Vacinação contra a covid-19 (CTVC) teve em consideração o aumento de casos naquela faixa etária, atualmente responsável por 40% dos casos diagnosticados nas pessoas com menos de 18 anos. Lembra o documento que a vacinação foi aprovada pela Agência Europeia do Medicamento, destacando que "não são conhecidos potenciais riscos associados a reações adversas mais raras", como é o caso de miocardites ou pericardites. Destaca o documento que o parecer “resulta de estudos internacionais" e da "avaliação de risco-benefício".

Para a decisão, que teve a unanimidade de todos os 13 membros da CTCV, foi pedido a um grupo de especialistas em Pediatria e Saúde Infantil uma análise. Esse mesmo grupo considerou que devia ser dada prioridade à vacinação dos adultos e dos grupos de risco, incluindo crianças dos 5 aos 11 anos.

"Poderá ser prudente aguardar por mais evidência científica antes de ser tomada uma decisão final de vacinação universal deste grupo etário", destaca o grupo de especialistas, que ressalva que a "avaliação de risco-benefício é favorável à vacinação universal das crianças com 5 a 11 anos".

Apesar de os especialistas terem defendido que seria prudente aguardar para se decidir uma universalização da vacinação, a DGS decidiu avançar para esse cenário.

Alertando para o aparecimento das variantes Alfa e Delta, destaca o parecer que a vacinação naquela faixa etária pode, entre dezembro e março próximo, evitar cerca de 51 hospitalizações (num intervalo de 9 a 147) e 5 internamentos em unidades de cuidados intensivos (num intervalo de 1 a 16). Tal como avançou a CNN Portugal em exclusivo, são também esperadas cerca de 7 miocardites ou pericardites associadas à vacinação nas crianças entre os 5 e os 11 anos.

Ómicron foi tida em conta

 

A nova variante detetada na África Austral, a Ómicron, foi um dos fatores para a decisão da CTVC, num "contexto epidemiológico de incerteza".

Para já sabe-se que aquela variante tem mais de 30 mutações, o que pode levar a um aumento da transmissibilidade, sendo necessário aguardar para que se perceba em concreto quais os efeitos na eficácia das vacinas.

"Com base na informação disponível, a variante Ómicron pode originar uma incidência mais elevada nas crianças com 5 a 11 anos do que aquela que foi assumida na análise risco-benefício", lembra a CTVC.

Não sendo ainda conhecido o risco de hospitalização face à nova variante, os técnicos afirmam que "a vacinação contra a covid-19 tem demonstrado elevada efetividade contra a doença grave, mesmo perante novas variantes".

Leia abaixo o parecer técnico na íntegra.

Posição Técnica - Crianças 5-11 - CTVC

A divulgação da posição técnica surge depois de alguma polémica, com médicos, especialistas e políticos a exigirem a publicação do documento.

Desde o início da pandemia, 217 crianças entre os 5 e os 11 anos estiveram internadas com covid-19, revelam dados apurados pela CNN Portugal junto da DGS.

E até 3 de novembro, dos episódios de internamento com diagnóstico principal ou adicional de covid-19 registados neste grupo, 20 estiveram em unidades de cuidados intensivos.

“A covid-19 é ligeira na grande maioria das crianças, com um risco médio de hospitalização de 0,2% em crianças com 5 a 11 anos de idade, durante o ano de 2021, em Portugal”, sustenta a DGS.

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